Da Folha Online O general Gilberto de Figueiredo, presidente do Clube Militar, disse ontem achar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aplicou ao comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, tratamento diferente daquele dado aos ministros críticos à política econômica do governo.

Lula convocou o general Heleno em audiência depois de ele chamar a política indigenista do governo de “lamentável” e “caótica” na quarta. “É estranho o presidente da República pedir explicações sobre o caso.

Não me consta que tenha adotado o mesmo procedimento quando ministros do seu partido contestaram publicamente a política econômica do governo.

Aliás, [a política econômica é] uma das poucas coisas que está funcionando coerentemente nessa época em que atitudes voltadas para produzir impacto em palanque são mais importantes do que a ética e a moralidade (…)”, disse, em nota, o general Figueiredo.

O presidente do Clube da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Ivan Frota, também saiu em defesa do general Heleno ontem e ameaçou “o maior movimento de solidariedade militar” caso o presidente Lula continue com a “coação”.

As críticas a Lula foram feitas durante o encerramento de um seminário no Clube Militar, no centro do Rio, onde, na quarta-feira, o general Heleno fez as críticas ao governo.

Ontem, os integrantes da ativa das Forças Armadas presentes ao evento procuraram não falar sobre a atitude de Lula.

Em entrevista, o general Figueiredo afirmou que o colega apenas “falou sobre algo de sua responsabilidade”. “Acho que ele [Lula] não entendeu o que aconteceu.” O presidente do Clube da Aeronáutica disse ainda que a declaração do general Heleno “representa a síntese do pensamento castrense atual”. “Que o presidente não se atreva a tentar negar-lhe [ao general Heleno] o sagrado dever de defender a soberania e a integridade do Estado brasileiro.” O chefe do Estado-Maior de Defesa, o almirante-de-Esquadra Marcos Martins Torres, segundo na hierarquia do Ministério da Defesa, não quis comentar a reação de Lula. “É um problema interno que está sendo discutido.

Temos que aguardar a decisão do Supremo”, afirmou ele.

Depois de também criticar a política indigenista, o general Mario Madureira, chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste e que já comandou operações na Amazônia, disse ontem não achar que houve represália ao comandante militar da Amazônia. “Ele não sofreu reprimenda.”