O gesto do ex-ministro é uma antecipação a vazamentos que começavam a sair sobre seus gastos neste período.
Ele se apressou a explicar gastos com supermercado que aparecem nos anos de 1997 e 1998.
De acordo com Paulo Renato, estas compras eram realizadas para abastecer a cozinha do ministério, onde freqüentemente almoçava com assessores, autoridades e jornalistas.
Os gastos cessaram em 1998 depois que o ministério foi avisado pela Secretaria de Controle da União de que estes gastos não eram permitidos.
A partir daí, o ministro teria passado a pagar suas refeições e dos convidados por meio de uma “caixinha” feita junto com os funcionários.
Paulo Renato gastou ao longo dos oito anos em que comandou o ministério R$ 166,8 mil em valores não corrigidos pela inflação.
Os maiores gastos são com transporte (R$ 58,6 mil) e hospedagem (R$ 47 mil).
O gesto de Paulo Renato é o mesmo já feito pelo também deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que ocupou a pasta de Desenvolvimento Agrário no governo FHC.
A Controladoria-Geral da União (CGU) abriu um processo contra Jungmann para apurar gastos com alimentação em Brasília similares aos de Paulo Renato.
O ex-ministro diz ter ficado sabendo do suposto dossiê com gastos do governo Fernando Henrique antes da divulgação pela imprensa.
Quando da instalação da CPI mista dos Cartões, deputados da base aliada teriam alertado Paulo Renato de que haviam gastos irregulares seus em poder do atual governo. “Estou convencido de que os dados vazaram a partir do governo de forma intencional para nos intimidar.
Isso é inaceitável”, disse Paulo Renato.
A decisão de abrir as contas foi tomada justamente depois que os gastos com supermercado chegaram à imprensa. “Agi no momento em que começou a sair isso na imprensa.
Não tenho nenhum temor”.
O ex-ministro cobrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros também abram as contas de seus gabinetes que estiverem protegidas por sigilo. “Desafio o presidente Lula a abrir suas contas e desafio todos os ministros também.
Eles têm o dever de fazer isso”.
Vazamento Do G1 O deputado federal Paulo Renato (PSDB-SP) abriu nesta quinta-feira (17) seus gastos com contas “tipo B” do período em que foi ministro da Educação do governo Fernando Henrique Cardoso entre 1995 e 2002.