Por Eduardo Machado Da editoria de Cidades do JC O corpo do estudante Anderson Luiz de Barros, 16 anos, foi encontrado morto a tiros e pauladas na beira de um açude em Chã Grande, Zona da Mata, na última segunda-feira (14).
A morte dele e as outras 25 registradas entre o domingo e anteontem acabaram com a possibilidade de o governo do Estado atingir a meta de redução de 12% dos crimes violentos letais intencionais (somatório dos homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte) no período de maio de 2007 a abril de 2008, como previa o Pacto pela Vida.
A meta de redução foi fixada em 12% comparando as taxas de crimes violentos letais intencionais (CVLI) dos 12 meses entre maio de 2006 e abril de 2007 (período 1) e maio de 2007 e abril de 2008 (período 2).
Como no período 1 ocorreram 4.740 CVLI, para se atingir uma redução na taxa (que é a razão entre o número de mortes e a população de Pernambuco) seria necessário evitar 519 mortes no período 2.
Até a manhã de ontem (15), levando em conta os dados oficiais e as informações do site PEbodycount (www.pebodycount.com.br), os CVLI do período 2 somavam 4.235 casos.
Acrescentando a esse total, os 519 a serem evitados, obtém-se 4.754, o que supera as 4.740 mortes do período 1.
Considerando que nos primeiros 15 dias de abril deste ano, a média diária de homicídios foi de 11,3, a projeção é que haja uma redução, mas que ela fique entre 7 e 9% e não 12% como foi planejado.
De acordo com o professor Wilson Magela, do Departamento de Ciências Administrativas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), existem passos a serem seguidos em ações como essa: planejar, medir, comparar e, no caso do Pacto pela Vida, onde a meta não foi alcançada, instituir ações corretivas com a equipe. “É preciso descobrir se a meta de 12% de redução foi devidamente estipulada ou se alguma ação ou conjunto de ações planejadas para obter uma queda não se concretizaram.
Em outros momentos, vimos esforços concentrados nos primeiros anos de governo que conseguiram certa redução, mas depois os números voltaram a crescer.
Será que vamos repetir o mesmo ciclo?”, questionou o professor Wilson Magela.
O vice-governador de Pernambuco, João Lyra Neto, gestor do Pacto pela Vida, informou, por meio de sua assessoria, que só vai se pronunciar sobre o não-cumprimento da meta de redução após o dia 8 de maio, quando o programa completa um ano.
Nesta data haverá uma reunião de avaliação do Pacto e só após esse balanço, o governo divulgará as medidas a serem tomadas.
O Pacto pela Vida é um conjunto de 138 ações definidas pelo Estado, com sugestões de representantes da sociedade civil, universidades e corporações policiais, lançado em maio de 2007.
Do total de ações, 117 tinham prazo de execução de seis meses, no entanto, até novembro do ano passado, apenas 36% saíram do papel.
No comparativo entre 2006 e 2007 (de janeiro a dezembro dos dois anos), Pernambuco anotou uma redução de 2% na taxa de crimes violentos letais intencionais.
Alheios aos números, parentes de vítimas da violência não se conformam com a criminalidade. “Meu sobrinho era um menino estudioso e não tinha inimizade.
Não sei quem fez isso nem o motivo”, afirmou, ontem, Marinalva Barros, tia do estudante Anderson.