A comissão especial que analisa as mudanças no rito de tramitação das medidas provisórias aprovou nesta quarta-feira, por unanimidade, o parecer do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 511/06, do Senado, que disciplina a edição de MPs.

A principal mudança aprovada acaba com o trancamento da pauta pelas medidas provisórias.

Segundo o relatório de Picciani, quase 70% das sessões da Câmara, em 2007, ficaram obstruídas em razão das regras atuais de tramitação das MPs.

A proposta ainda precisa ser votada em plenário.

O substitutivo mantém o prazo de validade das MPs (120 dias, sem prorrogação).

Mas o texto aboliu o dispositivo segundo o qual se a MP não for apreciada em até 45 dias entrará em regime de urgência, obstruindo todas as demais deliberações na Casa em que estiver tramitando.

Se a MP não for analisada no prazo legal, ela perderá eficácia.

Pelo texto aprovado, a medida provisória entra em vigor imediatamente após sua edição, conforme as regras atuais.

Além de acabar com o trancamento, o substitutivo alterou o processo de “entrada” da medida provisória no Legislativo.

Antes de terem o mérito discutido, as MPs deverão ser analisadas pelas comissões de Constituição e Justiça da Câmara e do Senado, nos 10 dias iniciais de tramitação.

Aprovada a admissibilidade, a partir do sétimo dia a MP entrará como primeiro item da pauta do plenário, em regime de urgência.

O relator acrescentou um artigo prevendo que a maioria absoluta da Casa poderá, no entanto, aprovar inversão de pauta para que outro projeto seja votado antes da MP.

Caso a MP não seja admitida pela CCJ, caberá recurso apoiado por 1/10 dos integrantes de cada Casa para que a medida seja apreciada diretamente pelo Plenário.

Fim das revogações Em outra mudança, o relator proíbe que o governo apresente uma MP para revogar outra editada anteriormente.

O substitutivo também determina que a MP deverá tratar de um só tema, evitando que o governo inclua vários assuntos em uma só matéria.

Leonardo Picciani disse que o texto aprovado acaba com a sobreposição da pauta do Executivo em relação à pauta do Legislativo. “A Câmara vai poder agora se dedicar a votar os projetos que tratam da saúde, da educação e da segurança pública”, disse.