Do Blog de Josias Os operadores políticos de Lula foram orientados a repassar ao consórcio partidário que dá suporte ao governo na Câmara uma determinação constrangedora.

Em pleno ano eleitoral, o presidente encomendou aos deputados a derrubada de um projeto que beneficia algo como 25 milhões de aposentados e pensionistas da Previdência.

Parte dos “aliados” não parece disposta a arrostar o desgaste.

Deve-se o constrangimento a uma esperteza da oposição.

Na semana passada, DEM e PSDB desmontaram a barricada que haviam erguido no plenário do Senado.

Toparam votar as medidas provisórias que travavam a pauta de votações.

Na seqüência, com votos favoráveis de tucanos e ‘demos’, aprovou-se um projeto do senador Paulo Paim (PT-RS), velho defensor da causa dos aposentados.

A proposta de Paim é uma espécie de cavalo de Tróia.

Invadiu, na forma de emenda, um projeto que o governo apresentara, para fixar em lei a política oficial de recomposição do salário mínimo: reajustes pela inflação, acrescidos de percentuais calculados segundo a variação do PIB.

Com o auxílio da oposição, Paim estendeu os reajustes a aposentados e pensionistas da Previdência.

O líder de Lula no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), chiou.

Em discurso candente, Aloizio Mercadante (PT-SP) alertou aos colegas que as arcas previdenciárias não suportariam a súbita generosidade.

Lembrou que a Previdência convive, em 2008, com uma perspectiva de déficit de R$ 44 bilhões.

O Senado fez ouvidos moucos.

E a proposição do petista Paim foi aprovada sob intensos festejos de governistas e, sobretudo, de oposicionistas.

Enviado à Câmara, o aumento aos aposentados converteu-se em embaraço para os deputados governistas.

A determinação de Lula é peremptória.

Quer o sepultamento da proposta.

Um pedido que nem todo mundo parece disposto a atender: “Se é contra, o governo deveria ter agido no Senado”, disse ao repórter um expoente do PMDB, o maior partido do consórcio governista. “Os senadores posam de bonzinho e nós é que vamos ser os carrascos dos aposentados?

Não dá.

O presidente, se achar que deve, que arque com o desgaste de vetar a emenda do Paim, senador do partido dele.” Leia mais.