Por Cecília Ramos Da editoria de Política do JC O prefeito João Paulo (PT), que vem defendendo ardorosamente o terceiro mandato para o presidente Lula (PT), foi surpreendido pela resolução da executiva nacional do PT desautorizando manifestações de seus filiado em prol da proposta continuísta.
O prefeito afirmou, ontem, que cumprirá “contrariado” o que orienta a executiva. “Ela (a executiva) não é a última instância do partido e está fazendo uma avaliação política incorreta.
Mesmo assim vou cumprir a decisão, apesar de continuar discordando.
O partido tomou a decisão, eu silencio”, declarou João Paulo, em entrevista ao JC, por telefone, de Brasília, logo que tomou conhecimento da nota do PT.
João Paulo avaliou que “já era a hora” de o partido se posicionar, mesmo que de forma “equivocada”. “Existe um clamor das massas de fazer a continuidade do governo Lula.
Eu tenho convicção política disso”, alegou João Paulo, negando que haja segunda intenção de sua parte ao defender a tese.
Ele disse acreditar que Lula precisa de outro mandato “ou pelo menos mais um ano” de governo para consolidar a “grande revolução social feita por um grande estadista da América Latina”.
O prefeito, que esteve ontem na 11ª Marcha dos Prefeitos, em Brasília, disse ter conversado sobre “vários assuntos” com o presidente Lula, mas era “segredo”.
E voltou a afirmar que nunca tratou do terceiro mandato com o presidente.
A defesa destemida de João Paulo pela 3º mandato de Lula gerou as mais diversas especulações sobre o que estaria por trás da iniciativa.
Petistas e aliados do prefeito ouvidos pelo JC, ontem, enumeraram algumas hipóteses.
Entre as suposições lançadas, citaram que João Paulo tenta “agradar o presidente”, “buscar destaque nacional”, “capitalizar com a popularidade de Lula” e até “vislumbrar um ministério”, uma vez que o prefeito encerra seu mandato no final deste ano.
Nenhuma das fontes ouvidas acredita que se trata de um mero “desejo” de João Paulo de expressar sua opinião.
Também não acreditam que o prefeito estaria cumprindo orientações do próprio Lula.
Acham que se assim fosse, João Paulo não seria o escolhido para fazê-lo, mas sim “um nome de inserção nacional”.
Membro do diretório nacional do PT e presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, João Paulo foi o primeiro petista a defender, publicamente, a PEC do deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP) que abre brecha para o terceiro mandato de Lula.