Da Gazeta Mercantil Há dois meses do início das convenções dos partidos que irão anunciar os candidatos para as eleições de outubro, o Recife já vive em clima de campanha eleitoral deflagrada.

Nove pré-candidatos fechando ou já divulgando alianças estão saindo às ruas para conquistar o eleitor e a cadeira de prefeito da capital pernambucana.

A disputa promete ser grande, a começar pela oposição ao prefeito João Paulo (PT) que já lançou como candidato o secretário municipal de Planejamento Participativo, João da Costa, hoje terceiro colocado das pesquisas de intenção de votos, com 11,7% das intenções, segundo divulgado pelo instituto de pesquisa Método na segunda quinzena de março.

Estão no páreo, concorrendo entre si, o ex-vice-governador Mendonça Filho (DEM) e dois ex-secretários do ex-governador e hoje senador Jarbas Vaconcelos (PMDB), os deputados federais Carlos Eduardo Cadoca (PSC) e Raul Henry (PMDB).

No passado recente, uma aliança entre PMDB, PFL (hoje DEM) e o PSDB foi responsável pela eleição de Jarbas ao Palácio do Campo das Princesas por dois mandatos consecutivos.

Pela pesquisa da Método, Mendonça Filho está na dianteira com 34,7%, seguido por Cadoca (21,6%), respectivamente, enquanto Henry está atrás de João da Costa, em quarto lugar com 6,6%.

O quinto colocado, com 5,1%, é o deputado federal Raul Jungmann, do PPS, ex-ministro do Desenvolvimento Agrário no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.

Rompido com Jarbas por ter seguido a linha nacional do PMDB de apoio ao presidente Lula, Cadoca deixou o partido em 2007.

Decidido a ter candidato próprio, o PMDB lançou Raul Henry com o apoio declarado do ex-governador e do presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra. “Para a oposição ao PT, o primeiro turno terá duas eleições.

A primeira é entre eles, tendo todos que derrotar dois e se credenciar para o segundo turno”, analisa o cientista político da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Túlio Velho Barreto.

Embora importante, o apoio do senador peemedebista, segundo Barreto, pode não ser decisivo. “Não tê-lo como cabo eleitoral não é bom, mas tê-lo não é uma garantia de que esse candidato terá uma votação expressiva ou acima do que ele ou o partido dele já teria tradicionalmente”, diz, relembrando as derrotas sofridas por Cadoca, então no PMDB, perdendo já no primeiro turno para o prefeito João Paulo, em 2004, e de Mendonça Filho, em 2006, disputando pela aliança a sucessão de Jarbas no governo estadual.

Apesar de ter saído na frente nas pesquisas, como agora se repete, Mendonça perdeu para o governador Eduardo Campos (PSB), que, no segundo turno, recebeu de imediato o apoio do candidato do PT no primeiro turno, o ex-ministro da Saúde, Humberto Costa.

Concorrentes Enquanto a dissolução da aliança gerou três candidatos de oposição, a democracia petista vem sendo testada, na prática, pelo vice-prefeito Luciano Siqueira, pré-candidato a prefeito pelo PCdoB.

Diante da inusitada situação, com dois candidatos na mesma estrutura de governo, o prefeito João Paulo tenta convencer Siqueira a desistir do intento, mas a tarefa não está fácil.

Em 6 lugar na pesquisa, com 4,6%, o pré-candidato do PCdoB assume o escudo do concorrente. “O prefeito respeita minha posição e continuamos convivendo em harmonia, embora ele preferisse que fossem todos com João da Costa”, explica o vice-prefeito do Recife.

Se ainda tem algo a conquistar internamente, por fora João Paulo conta não só com o apoio do presidente Lula, mas com a popularidade do governador Eduardo Campos e apoios do PDT e do PTB que deverão anunciar a formação de uma frente em maio, levantando possibilidades de vitória de João da Costa já no primeiro turno.

Para alguns observadores, se houver um segundo turno, qualquer candidato com essa junção de forças (e máquinas administrativas) não tem como perder do adversário que sobrar da oposição.

Se for Mendonça Filho ou Raul Henry, além do apoio do senador peemedebista, eles poderão arregimentar adesões da ala mais conservadora e descontentes com o PT, representando uma alternativa para a oposição que vem rechaçando a idéia, defendida por João Paulo, de um terceiro mandato para o presidente Lula.