Por Cecília Ramos Da editoria de Política do JC Ele já acusou o presidente Lula (PT) de “passar a mão na cabeça de corruptos”.
Comparou o petista ao ex-presidente e general Garrastazu Médici, cujo governo ficou conhecido como os anos de chumbo da ditadura.
Já disse que “o atual governo prefere a passividade bovina à iniciativa propositiva”.
Diz que Lula adota a prática do “é dando direção de estatal que se aprova”, e garante que “pouco importa” se Lula tem 80% de aprovação pessoal em Pernambuco.
As declarações são do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que não brinca em serviço na tribuna do Senado e promete elevar, ainda mais, o tom e organizar a oposição a Lula rumo a 2010.
A estratégia será posta em prática assim que retornar, no dia 18, da África.
Jarbas encabeçará, pelo PMDB, um movimento pró-José Serra – um dos presidenciáveis do PSDB à sucessão de Lula em 2010 – em plena eleição municipal, onde é fiador da candidatura de Raul Henry (PMDB), que enfrentará o pré-candidato de Lula, do prefeito João Paulo (PT) e do governador Eduardo Campos (PSB).
Mesmo com essa responsabilidade, quer ajudar a construir, junto ao PSDB e ao DEM, uma possível candidatura do governador de São Paulo, José Serra, à Presidência da República em 2010.
E até cogita discutir a vice na chapa tucana, mas “no tempo certo”.
Questionado sobre o assunto, Jarbas respondeu: “Nem aceito, nem descarto (a vice).
Primeiro vamos resolver o principal (o candidato a presidente)”, disse, por telefone, ao JC, antes de embarcar, na sexta-feira passada.
Em 2002, o peemedebista quase foi o candidato a vice de Serra na disputa presidencial.
Os dois vão se encontrar nos próximos dias, para uma reunião-almoço em Brasília.
O encontro foi agendado pelo presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra.
Segundo o senador, outros parlamentares participarão da reunião, que deve ser o ponto de partida para 2010.
Guerra é cauteloso, porém, e diz que o candidato pode ser Serra ou o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB).
Independentemente do escolhido, Jarbas propõe que, desde já, o governador paulista atue nos bastidores, converse com os partidos e conquiste “dissidentes” do governo Lula. “Vou dizer a ele (Serra) para fazer política em Brasília, mesmo que seja à noite, no último expediente.
Ele só vem aqui para tratar da administração.
Ele tem que se articular nos bastidores.
Os dirigentes de partido estão aqui, os dissidentes que podem apoiá-lo também”, alertou Jarbas.
O senador pernambucano admite que a oposição está desorganizada, precisa definir uma estratégia, estabelecer tarefas e ter uma “cara” para chegar com musculatura em 2010. “Em política, nada cai do céu.
Tem que ser provocado.” E Jarbas se viu provocado por Lula.
Ele não engoliu a declaração do presidente, que disse, na visita a Pernambuco, mês passado, para a oposição “tirar o cavalinho da chuva” porque ele fará o sucessor. “Lula está em plena campanha e faz do PAC seu palanque eleitoral”, disparou Jarbas.