Do Terra Já era a segunda vez que, na mesma tarde, autoridades holandesas tentavam agradar o presidente Lula, com referências sobre o talento brasileiro para o futebol.

Primeiro, durante o almoço oficial no “Salão do Cavaleiro” (Ridderzaal), na sede do Parlamento.

Ali, diante da Rainha Beatrix e do filho dela, o príncipe-herdeiro Willem Alexander, e dezenas de convidados que representavam a “Holanda multicultural”, o primeiro-ministro Jan Peter Balkenende, em seu discurso em homenagem ao presidente brasileiro, revelava o desejo de ver os “os canários derrotados pelos leões”, numa referência poética a uma hipotética partida em que a seleção da Holanda venceria a brasileira.

Naquele momento, mais preocupado em apresentar um Brasil sério e comprometido com outras conquistas tão universais quanto uma Copa do Mundo, o presidente limitou-se a sorrir discretamente e, ao falar para os convivas, preferiu ater-se ao essencial das relações de cooperação entre os dois países.

Mais tarde, ao ouvir gracinha semelhante do ministro dos Negócios Estrangeiros, Frans Heemskerk, que chega ao Brasil neste fim de semana, Lula fez uso de “excesso de sinceridade” - uma capacidade aqui tida como genuinamente holandesa - para deixar claro o que realmente lhe faltou, nesta viagem a Holanda. “Não vi partida de futebol, nem Amsterdã…Esse é o prejuizo da visita de Estado: gostaria de ter conhecido um bar”, disse, com ar maroto, para uma platéia de empresários brasileiros e holandeses que participavam do seminário “Desafio de nossos tempos”, encerrado pelo presidente, ontem, em Haia.

A julgar pelo entusiasmo dos anfitriões - o premiê Balkenende chegou a dizer que o “pragmatismo holandês” e o “otimismo brasileiro” sugeriam uma fórmula de sucesso - a visita de dois dias aos Países Baixos deixou um saldo polpudo para a imagem do Brasil na Holanda.

O tom usado para tratar o País foi lisonjeiro, mas, nas entrelinhas, o recado era: “não desperdicem o que Deus lhes deu.

Sejam independentes, mas não esqueçam que \uma andorinha só não faz verão", sobretudo quanto a decisões envolvendo conseqüências globais, como o tratamento da sustentabilidade.

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