Do jornal A Tarde SALVADOR - O governador Jaques Wagner (PT) mandou, ontem, o ex-ministro José Dirceu “cuidar dos seus” e “não ficar jogando água no moinho” intrometendo-se nas decisões do Partido dos Trabalhadores na Bahia, que decidiu essa semana deixar a administração do prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) para lançar uma candidatura própria à sucessão municipal de Salvador.
No seu blog, Dirceu criticou anteontem a decisão dos petistas baianos ponderando que isso poderia passar a imagem de que o PT é um partido oportunista que só gosta de receber apoios.
Ao ser entrevistado ao vivo na Rádio Metrópole, Wagner classificou a opinião de Dirceu de “triste”, embora reconheça seu direito de manifestar contrariedade à definição do PT, “por ser um militante histórico que ajudou e ajuda o partido”.
O governador, no entanto, não gostou da propagação da idéia de que o PT é um partido ingrato. “Jogar água nesse moinho, nesse lugar comum de que o PT gosta de ser apoiado, mas não gosta de apoiar não é verdade”, disse, admitindo que “no começo” isso até ocorria, “pois achávamos que os únicos puros éramos nós e do restante a gente só podia ser apoiado”.
Contudo, disse Wagner que atualmente, através do presidente Lula, o PT apoiou e apóia vários partidos de várias tendências.
Irônico, o governador disse que “poderia devolver a crítica a ele (Dirceu)”, enfatizando numa alusão aos mentores do “mensalão” que “sempre os problemas do PT saíram de São Paulo”.
Wagner lembrou a recomendação dos petistas paulistas para “que apoiássemos muita gente em muitos lugares, mas lá, na (eleição) prefeitura nunca aceitou abrir mão para apoiar alguém”.
Ele fez questão de citar o episódio em que o deputado Michael Temer (PMDB-SP) queria ser vice de Marta Suplicy e não conseguiu. “Pelo amor de Deus vamos cuidar dos seus e tentar ajudar para melhorar e não fica jogando água no moinho”, reclamou.
O rompimento do PT com o PMDB na eleição municipal em Salvador vem sendo interpretada como o início do fim da aliança que foi fundamental para a eleição de Wagner em 2006.
O governador tentou, contudo, diminuir a extensão do problema. “(o rompimento) foi um desentendimento (do PT) com o prefeito João Henrique”, ponderou, achando que isso não pode ser interpretado como um estremecimento entre sua relação com o ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima que comanda o PMDB na Bahia.
Wagner sempre aconselhou os partidos de sua base de apoio a permanecerem unidos na eleição municipal, mas diz respeitar a decisão do PT. “Todos temos que ter maturidade para se encontrar no segundo turno, somos um grupo vitorioso”.