Por Carlos Eduardo Cadoca* Existe uma unanimidade no Recife.

O trânsito da cidade deu um nó.

A cidade é lenta.

E as distâncias, entre uma rua e outra, um bairro e outro, apesar de serem relativamente curtas, consomem tempo demais para serem percorridas.

Um estresse diário, que, de acordo com a hora, fica insuportável.

A falta de mobilidade é um desafio para o Recife, para várias cidades do País e do mundo.

São Paulo é o exemplo clássico de como os engarrafamentos se transformaram em uma enorme dor de cabeça para usuários e gestores públicos.

O Recife, claro, ainda não chegou a tanto, mas está seguindo a passos largos para o mesmo caminho.

Senão vejamos: Somente no ano passado, 46 mil novos veículos foram emplacados na Região Metropolitana do Recife, segundo o DETRAN-PE.

E a tendência é a de que esse número aumente entre 10% e 15% este ano.

A questão da mobilidade das cidades é uma grande preocupação.

Alguns especialistas defendem a cobrança de pedágio para dar acesso aos veículos particulares nas áreas mais estranguladas na cidade.

Outros acham que é possível amenizar a situação com o rodízio ou elevando a cobrança de taxas nas áreas de estacionamento.

O fato é que as alternativas têm se mostrado viáveis em alguns lugares, mas para isso o transporte público tem que ser de qualidade, rápido e, realmente, seduzir as pessoas a deixarem o carro em casa.

Não é o caso do Recife.

A atual administração investiu em obras viárias pontuais na cidade, mas não realizou nenhuma grande obra estruturadora.

A verdade é que a Via Mangue não saiu do papel.

A chamada primeira etapa está limitada a construção de um túnel que ainda não se sabe, ao certo, qual o benefício que vai trazer para a mobilidade do bairro do Pina e de Boa Viagem.

A construção da Via Mangue está tão distante que os recursos previstos para a obra no Orçamento Geral da União do ano passado sequer foram empenhados.

A via expressa da Linha Verde, que já defendemos e continuamos priorizando, é um projeto ousado e estruturador para o Recife.

Esse projeto, apresentado ainda na gestão de Roberto Magalhães, é de suma importância para a cidade e para a Região Metropolitana porque vai completar o eixo de ligação Norte-Sul, começando em Igarassu e Abreu e Lima, cortando Boa Viagem e seguindo até Suape.

Essa ligação com Suape é essencial para o que a população do Recife se beneficie do desenvolvimento econômico que vai ocorrer por lá.

Além disso ela, como via expressa, vai ajudar a descongestionar Boa Viagem porque desvia o tráfego de longa distância que se dirige para a área Sul da Região Metropolitana do Recife - Setubal, Piedade, Candeias.

Esse tráfego deverá inclusive aumentar com a construção da Ponte entre Barra de Jangada e a Praia do Paiva.

A obra, sabemos, é cara mas pode ser realizada, inclusive através de Parceria Público Privada, a chamada PPP.

Sem a Linha Verde, o Recife corre o risco de emperrar.

A tendência do trânsito das grandes cidades, ninguém se engane, é piorar. É preciso atacar o problema com intervenções que tenham impacto de longo prazo.

Não adianta intervenções pontuais.

Elas amenizam temporariamente o problema aqui e ali, mas não vão dar conta de uma frota que não pára de crescer.

Estamos estudando essa e outras alternativas para o trânsito.

A via expressa da Linha Verde tem que ser adotada como uma prioridade para o Recife.

Afinal, uma cidade do tamanho da nossa e com a importância que tem não pode parar. *Deputado federal e pré-candidato do PSC à Prefeitura do Recife, escreve para o Blog às quartas, dentro da série “Recife 2008.

Debate com os Prefeituráveis”.