Da editoria de Política do JC Pela primeira vez no Estado, um município pode ter duas eleições para prefeito no mesmo ano: é em Aliança (Mata Norte).

Além da votação regular em outubro, está marcada para o próximo 4 de maio o pleito suplementar para a escolha do substituto do ex-prefeito Carlos Freitas (PSDB), cassado em agosto do ano passado pela Justiça por compra de votos na campanha de 2004.

Apesar das críticas à realização das duas eleições, o mandato tampão de apenas sete meses não desanima os três candidatos inscritos.

Dois deles, inclusive, já planejam disputar também o pleito de outubro, independentemente do resultado em maio.

Dois candidatos são de oposição ao grupo de Freitas: Azoka Gouveia (PR) e Ana Flávia Barros (PDT).

Azoka censurou a demora da Justiça em definir a eleição e o fato do eleito cumprir um mandato curto.

Mas disse que pior para a oposição seria não disputar o pleito. “É importante tirar a Prefeitura das mãos do grupo de Carlos Freitas”, defende.

Ana Flávia Barros classificou como “momento crítico” o vivido em Aliança.

Garantiu que está no páreo, mas deixou claro que espera apoio do governador Eduardo Campos (PSB) para se viabilizar na disputa. “Apoiei Eduardo desde a pré-campanha.

Estou aguardando um posicionamento do governador”, advertiu.

Ambos adiataram que vão concorrer em outubro.

A terceira candidatura é de Mariêta Zelinda de Almeida Freitas, irmã de Carlos Freitas.

Apesar de filiada ao PT, ela vai à disputa numa coligação com o PSDB.

Mariêta não foi encontrada.

Quem falou em nome dela foi o próprio Carlos Freitas.

A princípio, ele negou que Mariêta é candidata.

Quando informado que a candidatura está inscrita, se resumiu a dizer “que o nosso grupo está pronto para ganhar as eleições”.

A realização das duas eleições em Aliança só não é fato consumado porque tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) um recurso da Câmara de Vereadores na tentativa de suspendê-la.

Isso manteria o resultado da eleição indireta, realizada em novembro pela Câmara, que elegeu como prefeito o ex-secretário municipal de Cultura Cláudio Guedes (PSDB).

Ainda não há data para julgamento do recurso.

Antes da disputa por votos, os candidatos já brigam na Justiça.

A candidatura de Mariêta Zelinda foi impugnada pelos adversários por ela ser irmã do ex-prefeito.

E a de Azoka Gouveia, porque seu vice, o policial militar João Gomes de Araújo (PR), teria menos de um ano de domicílio eleitoral na cidade, o que é proibido por lei.

Os casos ainda serão julgados.