Da Folha Online, em Brasília O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse hoje que a Polícia Federal vai concentrar as investigações no vazamento do dossiê com informações dos gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, da ex-primeira-dama Ruth Cardoso e de ex-ministros da gestão tucana.

Segundo ele, o inquérito não vai apurar o responsável pela montagem do dossiê.

Ele argumenta que a PF tem que apurar se houve a invasão dos computadores da Casa Civil para que os dados fossem levantados. “A PF vai investigar delitos.

Não vai investigar situações políticas.

Situações políticas quem investiga é a CPI. É o debate político entre oposição e governo.

Não é essa a função da PF, que não é uma polícia política”, afirmou.

Tarso disse que o delito apresentado até agora é o vazamento.

E que por isso a PF vai concentrar as investigações no vazamento. “O item penal que está sendo apontado até agora é o vazamento ilegal.

E provavelmente não sabemos se ocorreu a invasão dos computadores da Casa Civil de maneira obviamente ilegal.” Tarso disse acreditar que a finalidade do vazamento tenha sido política. “A publicação desses documentos por um jornal de circulação nacional mostra que é necessário que se verifique como esses documentos foram vazados, se foi algum funcionário que o fez e a pessoa que o fez vai ter que ser responsabilizada penalmente.” O ministro admitiu que mudou de idéia e decidiu acionar a PF após reportagem da Folha da semana passada, que mostrou que o dossiê saiu pronto da Casa Civil. “Ficou absolutamente claro nesses últimos documentos publicados que uma sindicância não teria condições de verificar o que o vazamento de informações e a passagem de maneira dolosa, provavelmente com algum objetivo de informações reservadas, que são contas da anterior Presidência da República.” Ele confirmou que conversou com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) no final de semana, quando ela pediu a abertura do inquérito.

Tarso disse que a PF teria autonomia para investigar o caso mesmo sem o pedido dele ou de Dilma. “Qualquer delegado que tenha jurisdição sobre a área pode abrir um inquérito sobre um fato delituoso determinado.”