Petistas acusam prefeito de inoportuno Por Cecília Ramos, na edição de política do JC de hoje A defesa do prefeito do Recife, João Paulo, membro da executiva nacional do PT, de um terceiro mandato do presidente Lula (PT) foi considerada por petistas pernambucanos como “inoportuna”.

O secretário estadual de Cidades, Humberto Costa, e o líder do PT na Câmara, Maurício Rands, ambos também integrantes da executiva nacional, alertaram que a idéia do terceiro mandato é um “atentado ao princípio democrático”.

O deputado Carlos Wilson (PT) avaliou que as declarações do prefeito “não ajudam e acirram os ânimos da oposição contra o governo Lula”.

Os três petistas só concordam com João Paulo quando garantem, assim como o prefeito, que o tema não surgiu para “abafar” o caso do dossiê envolvendo a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. “Até agora isso (terceiro mandato) não foi discutido no PT. É intempestivo.

O próprio Lula é contra.

Eu, pessoalmente, também sou. É uma questão de princípio democrático”, opinou Humberto. “Não devemos mudar a regra do jogo com o jogo em andamento, como fizeram o DEM e o PSDB para beneficiar Fernando Henrique. É inoportuno falar disso agora.

Não contribui com a democracia”, disse Rands.

Ontem, João Paulo afirmou que sua defesa do terceiro mandato – em entrevista ao Correio Braziliense – foi “fruto da minha reflexão política”. “Lula deve, aos poucos, ser convencido disso”, defendeu o petista.

Autor da proposta que criou a reeleição, aprovada em 1997, o presidente do Democratas e pré-candidato do partido à Prefeitura do Recife, Mendonça Filho, considerou, ontem, “irracional” a defesa do terceiro mandato. “A lógica que João Paulo tem é a partir de interesse pessoal e partidário dele. É irracional (a proposta) e não reflete o interesse da nação”, avaliou Mendonça, ontem, em Jardim Planalto.

O prefeiturável rechaçou qualquer comparação entre a emenda da reeleição e a PEC do terceiro mandato.

E negou que sua proposta foi casuísmo para beneficiar o então presidente Fernando Henrique (PSDB). “Não sou a favor da perpetuação do Poder”, provocou.