O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões Corporativos, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), considerou insuficientes as explicações dadas pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) sobre a acusação de que ele (Álvaro) teria sido o responsável pelo vazamento de informações sobre gastos da Presidência da República no governo Fernando Henrique Cardoso.

Ontem (2), Álvaro Dias admitiu que sabia da existência do “dossiê” há pelo menos 30 dias, mas negou que fosse o responsável pelo vazamento. “Dois fatos muito estranhos o senador não revelou: primeiro, por que ele não denunciou isso no dia em que a CPMI foi instalada?

Por que ele guardou esse segredo por mais de 30 dias?

Segundo, o Brasil quer saber a verdade sobre esses fatos.

Então, que ele dê nome aos bois, de quem ele recebeu, como esse fato chegou até ele.

Essas explicações, evidentemente, não foram convincentes”, afirmou Luiz Sérgio.

O deputado condenou qualquer tipo de dossiê, lembrando de casos passados, como o chamado Dossiê dos Sanguessugas, que teria sido montado para chantagear candidatos do PSDB ao governo de São Paulo. “Essa história de dossiê é muito antiga, e é preciso deixar claro que precisamos expressar nossa indignação com essa história de dossiê”, disse Luiz Sérgio. “Esse instrumento é sujo, é nojento, e aqueles que têm conhecimento, como o senador Álvaro Dias, têm a obrigação moral e ética de revelar isso ao país”, completou.

Deputados do PT cobraram nesta quinta-feira na CPMI dos Cartões Corporativos explicações do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) sobre o dossiê com os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em entrevista ao site Terra Magazine, o senador admitiu ter passado informações sobre o assunto para a revista Veja.

Segundo o deputado Nilson Mourão (PT-AC), Alvaro Dias “precisa explicar todo esse processo”. “Estou cada vez mais convencido de que tudo indica que o dossiê é obra da oposição para ‘melar’ todo o trabalho de investigação da comissão de inquérito”, disse.

Para o petista, qualquer passo da CPMI só pode ocorrer após as explicações do senador tucano.

De acordo com o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), é preciso discutir se o senador teve acesso a documentos sigilosos do governo federal e se quebrou esse sigilo.

A CPMI recebe nesta quinta-feira 72 caixas com documentos sobre a movimentação de cartões corporativos e contas tipo B do governo federal.

O relator da CPMI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), disse que os documentos serão os primeiros entregues à comissão.

Dos 34 requerimentos de convocação votados nesta quinta-feira, apenas um foi aprovado.

O diretor do Banco do Brasil Cartões (BB Cartões), Alexandre Correa Abreu, deve comparecer para prestar esclarecimentos sobre os cartões utilizados pelo governo.

A CPMI rejeitou a convocação da chefe de gabinete da secretária executiva da Presidência, Maria de la Soledad Bajo Catrillo, e a convocação da secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra.

Na próxima terça-feira, os parlamentares realizam audiência pública com o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Jorge Felix, e com o ministro do Esporte, Orlando Silva.

Com Agências Brasil e www.ptnacamara.org.br