Por Clóvis Rossi ROMA - Ah, meu caro José Simão, o Brasil não é apenas o país da piada pronta. É também o país da coluna pronta.
O que há mais para dizer depois do belo trabalho dos jornalistas Marta Salomon e Leonardo Souza? É auto-explicativo.
Mostra mais um grupo de homens-bomba instalados no coração do lulo-petismo preparando o que parece ser uma grande especialidade da casa, os dossiês.
Não adianta vir agora com a história de que o vazamento foi obra de um “clandestino”, um suposto (ou real) tucano escondido no Palácio.
O PT usou uma penca desse tipo de gente para obter dossiês quando estava na oposição.
Não tinha, pois, o direito de ignorar.
Tinha, isto sim, a obrigação de saber que o jogo do poder “é cruel”, como me escreveu certa vez Ciro Gomes, então ministro da Integração Regional, a propósito do escândalo do mensalão.
O texto dos dois bravos repórteres pega tanto o presidente da República como a sua principal ministra, Dilma Rousseff, no contrapé.
Ou mentiram sobre o “banco de dados”, que, na verdade, é dossiê (aliás, era arquievidente), ou não têm, nem um nem a outra, a menor idéia do que se passa nas salas ao lado das suas (ou acima ou abaixo, sabe-se lá).
Caem no ridículo também outros membros do governo que cobraram a revelação das fontes.
Fingem ignorar que preservar a fonte é um direito dos jornalistas, como todo mundo sabe.
E é também má-fé, porque trata de pôr no mesmo pé quem preparou a mensagem (um “crime”, no dizer de nota oficial da própria Casa Civil) e o mensageiro (quem a divulgou).
Enfim, não há, de fato, nenhuma novidade em mais essa história sórdida.
Repito o que escrevi no dia 29: Lula acaricia sempre “mensaleiros”, “aloprados” e até Severino Cavalcanti. É óbvio que, no Palácio, todos se sentem estimulados a novos “crimes”.