Do Blog de Josias Num instante em que o governo busca explicações para o vazamento dos dados que compõem o dossiê com gastos da era FHC, descobre-se algo que deve intoxicar ainda mais as relações do governo com a oposição: a Receita Federal destacou um auditor ligado ao PT para varejar a contabilidade do PSDB.

Deve-se a descoberta ao repórter Leandro Loyola.

A notícia consta da última edição da revista Época.

A exemplo das despesas de Fernando Henrique Cardoso e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, os dados fiscais do PSDB são protegidos por sigilo legal.

A despeito disso, vazaram.

Foram às páginas da Folha, em reportagem veiculada no dia 19 de fevereiro de 2008.

O jornal obteve e divulgou, legitimamente, informações com alto grau de interesse público.

Levou aos seus leitores detalhes de infrações que o fisco atribuíra ao tucanato.

Revelou, por exemplo, que o partido fora autuado em cerca de R$ 7 milhões.

Uma das irregularidades apontadas referia-se à inclusão de R$ 476 mil em notas fiscais frias na contabilidade da campanha presidencial de José Serra (PSDB-SP), em 2002.

Chama-se Julio Severino Bajersk um dos auditores que a Receita destacou para verificar a regularidade das contas do PSDB.

Executou o trabalho em parceria com a colega Maria Aparecida Gerolamo.

Bajersk tem ligações notórias com o PT.

Nas eleições de 2004, candidatara-se, sob o guarda-chuva da legenda de Lula, a uma cadeira de vereador, no município gaúcho de Santo Ângelo.

Bajersk não obteve votos suficientes para se eleger.

Ostenta, hoje, a condição de suplente de vereador.

Em 11 de dezembro de 2007, 70 dias antes de as informações sigilosas do PSDB chegarem ao noticiário, o auditor petista divulgou na internet, por meio de um sítio de classificados, anúncio no qual informava que havia perdido, na rodoviária de Porto Alegre (RS), uma mala com equipamentos eletrônicos e documentos (veja imagem abaixo).

Coincidência? “Você tem de buscar informações na Secretaria da Receita Federal”, disse Bajersk ao repórter de Época. “Esse assunto é sigiloso.” A revista ainda tentou, em outros dois contatos telefônicos, obter esclarecimentos adicionais do auditor.

Porém, ele desligou o telefone abruptamente.

E mais não disse.

A auditoria da Receita na escrituração do PSDB é parte de uma operação que alcançou outros seis partidos políticos.

O trabalho fora iniciado nas pegadas do escândalo do mensalão, em 2005.

Inicialmente, envolvia apenas quatro legendas governistas: PT, PP, PTB e o PL (depois rebatizado de PR).

Na seqüência, decidiu-se estender a varredura fiscal à escrituração do PSDB, PMDB e PFL (hoje DEM).

Conforme noticiado aqui em 21 de dezembro de 2007, encontraram-se irregularidades em todos as legendas fiscalizadas.

O fisco suspendeu a imunidade tributária dos sete partidos.

Curiosamente, só os dados do PSDB foram pendurados nas manchetes.

Ouvido a respeito da indicação de um auditor petista para inspecionar as contas do PSDB, o ex-secretário da Receita Everardo Maciel declarou: “Não é ilegal, mas é, no mínimo, antiético. É como a ONU indicar um russo para cuidar da Tchetchênia.” Em nota oficial, a Receita informou que seus “servidores e colaboradores podem exercer atividade político-partidária”.

Acrescentou: “Se ficar comprovado que determinado servidor agiu com excesso ou valeu-se do cargo para prejudicar alguém, poderá haver imputação de responsabilidade funcional, administrativa e penal.” Vai abaixo cópia do “Termo de Notificação Fiscal” que traz as assinaturas da auditora Maria Aparecida Gerolamo e do auditor petista Julio Severino Bajersk.