Da Agência Brasil Brasília - O líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), disse hoje (4) que as explicações dadas pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, “tornam desnecessárias a visita dela ao Senado”.
A ministra foi convocada pela Comissão de Infra-Estrutura para falar sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O temor dos governistas é que essa audiência se transforme em questionamentos a respeito do vazamento de dados sobre os gastos da Presidência da República com cartão corporativo e contas B no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), disse que a coletiva da ministra foi um gesto de “quem não deve não teme”, disse. “Para o meu gosto, já fomos até longe demais com esse negócio para quem não tem culpa na origem na divulgação dos dados”, completou.
Dilma Rousseff concedeu entrevista coletiva hoje para explicar a matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo, que afirma que a fonte das informações divulgadas é da própria Casa Civil.
A ministra garantiu que não há dossiê, que fará investigação e que o vazamento de informações consideradas sigilosas é crime. “É natural que os dados tenham saído do palácio [Palácio do Planalto], porque é lá que eles são depositados.
Mas isso não é fogo amigo, é fogo inimigo mesmo.
Tanto que o primeiro cidadão que portou os documentos foi o senador Álvaro Dias [PSDB-PR]que até agora não teve a coragem de dizer quem o presenteou com as informações que pertencem ao governo”, disse. “O Álvaro Dias, para mim, comprovou que mentira tem perna curta e língua grande”, completou.
O senador Álvaro Dias foi acusado de ser o autor do vazamento das informações.
Ontem (3), o parlamentar negou. “Não sou o réu.
Não inventei dossiê nenhum”, afirmou.
O senador Renato Casagrande (PSB-ES) defendeu as explicações dadas por Dilma Rousseff, entretanto ressaltou a necessidade de se comprovar as declarações. “A ministra tinha de falar, principalmente depois do que foi divulgado hoje pela Folha.
Agora, o segundo passo é comprovar o que está sendo falado.
Eu, pessoalmente, acho que ela é uma pessoa sincera”, comentou.
Casagrande defendeu a investigação pelo Instituto de Tecnologia da Informática (ITI) nos computadores usados por pessoas do atual governo e do anterior para a criação do banco de dados da Presidência da República. “A equipe técnica, se houver suspeita, será desmascarada de cara.
Mas não vou levantar suspeição sobre qualquer órgão público.
Apesar de o ITI não ter a visibilidade como, por exemplo, a Polícia Federal, eles fazem um trabalho decente.
O nível de contaminação política nesses órgãos geralmente é muito pequeno.
Se alguém invadiu ou vazou dados sigilosos [como o da dona Ruth Cardoso] é crime sim”, disse.
Já o líder do PSDB na Câmara, José Anibal (SP), disse que a única saída para o governo resolver a crise é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abrir o sigilo de seus gastos, como fez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que já autorizou a abertura de seus gastos com cartão corporativo e contas tipo B. “Tem de abrir a confidencialidade das contas do atual presidente, esposa e familiares. É isso que vai dar satisfação à opinião pública e tirar esse veneno”, disse. “Cabe ao governo manter a guarda [DOS DADOS].
Mas, como ele vazou, tem de abrir.
Só tem esse caminho”, completou.
O senador Jefferson Péres (PDT-AM) disse que a investigação nos computadores da Presidência determinada hoje pela ministra só será isenta se houver o acompanhamento de técnicos do Ministério Público ou do Tribunal de Contas da União. “A sociedade ficaria mais convencida da lisura dessas investigações se houvesse um membro do Ministério Público ou do TCU”.
O líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), classificou de “inconsistentes” as explicações de Dilma Rousseff. “É muito difícil ela se esquivar das responsabilidades.
Inevitavelmente está provado que os dados foram maquiados para elaboração do dossiê.
Não há dúvida que foi a Casa Civil que elaborou”, disse.