Por Raul Henry* Embora minha formação seja na área de Economia, sempre fui um entusiasta da Educação, por entender que, somente através dela, poderemos verdadeiramente transformar a vida de uma população.
A minha paixão pelo tema cresceu ainda mais quando tive a oportunidade de ser secretário estadual de Educação, no Governo Jarbas Vasconcelos.
Nessa mesma época, porém, tive a noção exata do quanto é difícil mudar uma realidade que se arrasta por anos.
Difícil, mas não impossível.
Um exemplo claro disso são os Centros Experimentais de Ensino, criados no Governo Jarbas e que a gestão Eduardo Campos está dando continuidade.
Escolas em tempo integral, os centros hoje são referência para os demais estados do País pelos excelentes resultados que vêm alcançando.
Só para se ter uma idéia, no Exame Nacional do Ensino Médio - Enem 2007, os alunos dos Centros obtiveram média acima da nacional e das escolas privadas.
Com a experiência dos Centros Experimentais de Ensino constatamos que qualidade é fundamental.
E é esse o principal problema da rede pública de ensino do Recife. É bastante surpreendente o déficit de aprendizado dos alunos das nossas escolas municipais.
Os levantamentos dos vários instrumentos de pesquisa deixam isso bastante claro.
De acordo com a Prova Brasil, realizada pelo Ministério da Educação, o Recife tem a pior educação do País, entre as 27 capitais brasileiras.
A 4ª série da nossa rede pública municipal obteve as menores notas, tanto em Português (148,78), quanto em Matemática (157,13).
Os nossos alunos não alcançaram nem a metade do total de pontos possíveis nas provas, que é de 350.
Segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), na avaliação de 1ª a 4ª séries, Recife apresenta o 6º pior desempenho entre as capitais, com 3.2, ao lado de Fortaleza (CE).
A escala vai de zero a dez.
No Censo Escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacional Anísio Teixeira (INEP), a capital pernambucana apresenta índices expressivos de desistência e reprovação.
Para se ter uma idéia, foram registradas, em 2005, 70.851 matrículas, nos anos iniciais do ensino fundamental (1ª a 4ª séries), e apenas 27.179, nos anos finais (5ª a 8ª séries).
São informações vergonhosas e, conseqüentemente, devem chamar a sociedade à razão para a gravidade desse problema.
A atual gestão não tem cumprido sequer sua obrigação constitucional de aplicar o mínimo de 25% do seu Orçamento em educação.
Na última segunda-feira, tivemos a oportunidade de receber dois grandes nomes da Educação no Brasil para debater o tema, visando à construção de nosso plano de governo - Marcos Magalhães, ex-presidente da Phillips no Brasil e atual presidente do Instituto de Co-responsabilidade pela Educação, e o professor mineiro João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto.
O que ficou claro, ao final do debate, é que, embora a falta de qualidade da educação seja um problema dos vários níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal), a Prefeitura tem um papel fundamental, já que é responsável pelos primeiros anos de aprendizado de uma criança – a base de tudo.
Em quatro anos de gestão, é possível dar dignidade às escolas municipais (infra-estrutura, limpeza, segurança); alfabetizar de fato os alunos (não permitindo que os mesmos passem de ano sem saberem ler e escrever); além de desenvolver políticas públicas voltadas para crianças de 0 a 3 anos (Primeira Infância Melhor, já tratada em artigo anterior) e para a juventude (de 15 a 25 anos).
Para isso, a qualificação e valorização dos professores é algo fundamental, assim como ações que envolvam a família.
O desafio é grande e, por isso mesmo, o empresariado e a sociedade têm papel determinante nessa luta, a exemplo do que aconteceu com os Centros Experimentais de Ensino.
Como lembrou Marcos Magalhães: “O cúmulo da insensatez é continuar fazendo as coisas exatamente iguais e esperar resultados diferentes”. *Deputado federal e pré-candidato do PMDB à prefeitura do Recife, escreve às sextas para o Blog, dentro da série “Recife 2008.
Debate com os prefeituráveis”.