Do G1 O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse nesta sexta-feira (4) não ter sido convencido pelas explicações dadas pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) nesta tarde sobre o dossiê com gastos do governo Fernando Henrique Cardoso.
A ministra negou que o governo tenha preparado o material e criticou o vazamento de informações do banco de dados da Casa Civil.
Para Virgílio, as explicações de Dilma trazem semelhanças com o caso do deputado Antonio Palocci (PT-SP), que deixou o ministério da Fazenda depois da violação de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa e foi denunciado pelo Ministério Público como responsável pelo crime. “Ela não me convenceu.
Parece o ministro Palocci, que se explica, explica e não convence.
Ela centra tudo no vazamento e esquece a questão principal, que é a feitura do dossiê”, afirmou o líder.
O tucano disse que a entrevista de Dilma apenas reforça a necessidade de que ela venha à CPI. “Porque não vem à CPI se está tão segura?
Vamos insistir para que venha”.
Virgílio afirma ser intenção do governo criar uma história “fantástica e confusa”. “Cada dia ela (Dilma) fica com a impressão digital mais nítida.
Eles estão inventando versões e se desdizendo a todo momento.” Ele questionou ainda a hipótese levantada pela ministra de ter havido uma invasão nos computadores da Casa Civil. “Tinha muita confiança que não havia risco de invasão (nos computadores).
Não é pouco o dinheiro que a Abin está gastando.
Acho grave ela admitir esse desgoverno." VAZAMENTO A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse nesta sexta que o vazamento do suposto dossiê sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, da mulher dele, Ruth Cardoso, e de ex-ministros é crime. “Nós vamos avaliar com o ministro da Justiça a questão da investigação do vazamento.
Nós temos certeza que o crime reside no vazamento,” disse ela.
Em entrevista coletiva nesta sexta ela garantiu que o governo não foi responsável pelo vazamento. “Este governo não vazou, não difundiu, não publicou informações confidenciais”, garantiu a ministra.
A ministra afirmou que cinco computadores do ministério foram “isolados” para investigação.
Ela não revelou quantas pessoas tinham acesso aos computadores ou ao sistema de alimentação de dados do documento feito pela Casa Civil. “O interessante é que até agora não apareceu o vazador de forma explícita”, disse.
Ela voltou a negar que tenha ordenado que fosse feito o suposto dossiê. “Nós não fizemos dossiê, nós só fizemos banco de dados,” afirmou a ministra. “Nós temos muita informação.
Não é algo que eu possa ter começado a fazer ontem ou antes de ontem, e que eu comecei a fazer porque queria prejudicar A, B ou C ou porque o governo queria prejudicar A, B ou C.
Ou, como disseram, que eu queria chantagear [alguém].” DIFERENÇAS Reportagem publicada pelo jornal “Folha de S.
Paulo” na edição desta sexta-feira afirma que a cópia de um arquivo “extraído diretamente” da rede de computadores da Casa Civil mostra que o suposto dossiê “saiu pronto do Palácio do Planalto.” Segundo o texto, o jornal teve acesso a um arquivo do dossiê, no programa Excel.
O jornal traz uma imagem reproduzida de tela de computador que mostra as propriedades de um arquivo tendo como autor a sigla “PR”, que o texto identifica como “Presidência da República”.
Na imagem, aparece o item “Salvo por Casa Civil” e data de criação do dia 11 de fevereiro de 2008.
De acordo com a ministra, a imagem de uma página do suposto dossiê publicada pelo jornal não corresponde fielmente ao documento original organizado pela Casa Civil.
Segundo Dilma, a página publicada traz uma coluna intitulada “observações” que não existiria no original.