Do Terra Magazine Depois das pressões que sofreu em plenário na quarta (2), o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) admitiu que foi uma das fontes de informação da revista Veja para a matéria que denunciou um levantamento do governo federal com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua esposa, Ruth Cardoso.

A atribuição do vazamento ao senador paranaense foi informada pelo Blog do Noblat.

Na conversa que teve com o Terra Magazine, Dias sustenta que não há nenhum ilícito em “conversar com jornalistas”.

E que a revista tem outras fontes, não apenas ele: “Uma das fontes é natural que eu tenha sido (…) (Mas isso) altera a responsabilidade do governo na confecção do dossiê? É evidente que não.

Isso exime o governo de responsabilidade? É óbvio que não.” Leia a entrevista do senador ao repórter Raphael Prado: O senhor admitiu que viu as informações antes de elas serem tornadas públicas.

Em que circunstâncias isso aconteceu? Álvaro Dias - Olha, o jornalismo investigativo tem prestado um grande serviço ao País, seria muito pior a degradação das instituições, não fosse a competência e a ousadia do nosso jornalismo de investigação.

E isso se dá em razão de fontes.

O jornalista se utiliza de muitas fontes.

Uma revista do porte da Veja, que só no escândalo do mensalão divulgou, se não me falha a memória, matérias de capa 17 vezes, não contou com apenas uma fonte.

Certamente valeu-se de muitas fontes de informação.

Eu tenho sido ouvido por muitos jornalistas, do Terra, de outros sites, de jornais, emissoras de TV e certamente outros parlamentares da mesma forma.

Esse é o caminho para se produzir a informação.

O senhor então foi uma das fontes de informação desses jornalistas? É evidente que é meu dever responder questões formuladas por jornalistas, e eu tenho feito.

Obviamente, o que pretende o governo agora é tirar o foco, o governo não quer mostrar as suas contas.

Mostra as do governo passado mas esconde as suas.

E pretende exatamente desviar o foco do debate.

O senhor então foi fonte de informação do jornalista da Veja?

Não a única, mas uma das? (silêncio) Qual é a importância disso?

Eu pergunto.

Obviamente a Veja tem fontes no Palácio do Planalto…

Qual é o ilícito em conversar com jornalistas, como eu estou conversando com você?

Qual é o ilícito?

Enfim, é surrealista essa história.

Acho que o governo subestima a inteligência das pessoas, preparando uma estratégia como essa, tentando repassar responsabilidades.

Se eventualmente contribuí com informações para que a matéria pudesse ser veiculada, altera a responsabilidade do governo na confecção do dossiê? É evidente que não.

Isso exime o governo de responsabilidade? É óbvio que não.

Então não há porque priorizar essa discussão, que a partir de ontem à tarde, priorizaram.

Certo.

E se não há ilícito nenhum, também não há problema nenhum em admitir que o senhor foi uma das fontes, certo?

Uma das fontes é natural que eu tenha sido.

Provavelmente alguma opinião minha pode ter tido alguma importância.

Acho que estão superdimensionando a minha capacidade de obter informações.

Entendi.

Mas o senhor obteve esse dossiê de que maneira?

No Palácio do Planalto?

Eu não tenho o dossiê.

Eu tenho informações sobre o dossiê.

Como muitos possuem.

Agora, quem mais tem informações sobre o dossiê é o presidente da República e a ministra Dilma (Rousseff, da Casa Civil).

Ela mesma, em São Paulo, no dia 17 de fevereiro, declarou taxativamente: “não vamos apanhar quieto, estamos fazendo levantamento de dados do governo passado”.

Ela sim tem todas as informações e é a melhor fonte.