Do G1 O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, admitiu nesta quarta-feira (2) que o País pode registrar uma ligeira contração da economia no primeiro semestre deste ano.

Falando à comissão de economia do Congresso, ele afirmou que a expectativa, no entanto, é de que haja um reforço ao crescimento como resultado do plano de reestruturação financeira anunciado na semana passada.

Segundo Bernanke, o panorama econômico de curto prazo do País se deteriorou em relação às perspectivas de janeiro. “Agora parece provável que o Produto Interno Bruto (PIB) do País não crescerá muito, se crescer, no primeiro semestre de 2008, e pode mesmo sofrer uma leve contração”, reconheceu ele.

Sobre as expectativas de melhor no segundo semestre, ele afirmou, no entanto que, “à luz das recentes turbulências no mercado financeiro, as incertezas quanto a essa previsão são muitas”.

Mercado sob estresse Bernanke apontou que, apesar das medidas recentes adotadas pelo Fed, que ajudaram a estabilizar a situação de crise, o mercado financeiro permanece sob “estresse considerável”.

Segundo ele, os efeitos da restrição de crédito têm se tornado mais evidentes e afetado porções do sistema financeiro que estavam, até então, imunes, como os empréstimos estudantis.

Ainda sobre os efeitos da crise, Bernanke apontou que a atividade econômica real vem sendo afetada, com a queda nas vendas de moradias e na construção civil e a redução das contratações.

Bernanke também reconheceu que a inflação, que chegou a 3,4% nos 12 meses encerrados em fevereiro, tem sido uma fonte de preocupação.

A expectativa, segundo o presidente do Fed, é de que a alta dos preços se estabilize nos próximos trimestres.

GRANDE DEPRESSÃO Ben Bernanke afirmou, após o discurso no Congresso americano, que não há uma ligação real entre os eventos atuais na economia dos Estados Unidos e os da Grande Depressão, ocorrida nos anos 1930.

Ele explicou que “a diferença hoje é que nós vamos tratar das questões financeiras”, enquanto naquela época as autoridades se contentavam em deixar as forças do mercado resolverem os problemas sozinhas. “Acho que há diferenças muito significativas entre os anos 1930 e hoje”, afirmou Bernanke.

A crise econômica desencadeada a partir de 1929, quando houve a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, reflete a crise mais geral do capitalismo.

Nos EUA, as leis anti-trustes perdiam o efeito e grandes empresas – industriais e bancárias – tomavam conta do cenário econômico, protegidas pela política não intervencionista adotada principalmente a partir de 1921 no país.

As informações são da agência Dow Jones.