Logo após seu pronunciamento em Plenário, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) concedeu entrevista à imprensa insistindo que o mais importante é punir os responsáveis pela elaboração do dossiê com dados sobre os gastos com cartões corporativos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de sua esposa Ruth Cardoso.

Na entrevista, ele não admitiu nem negou que tenha divulgado o dossiê, como foi cogitado pela imprensa. - Não aceito esse questionamento: se fui eu, se não fui eu, quem é fonte primária, quem é fonte secundária.

Isso não importa.

O que importa, e o país exige agora, é punição.

Não é nem mais apuração, mas punição que atinja os principais responsáveis, eu repito, e não apenas aqueles que integram o baixo clero do governo - afirmou.

Alvaro Dias disse ainda estar preocupado com a possibilidade de o governo jogar a culpa da elaboração do dossiê sobre algum servidor subalterno, sem apontar os verdadeiros responsáveis. - O governo age assim mesmo: ele nega, as autoridades responsáveis - os maiores responsáveis - se escondem, não se expõem, e há blindagem de reciprocidade.

Ao responder a pedido de esclarecimento do senador Tião Viana sobre notícia que o responsabilizava pela divulgação do dossiê sobre gastos com cartões de crédito corporativos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de sua esposa, Ruth Cardoso, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que quem deve ser questionado não é ele, mas o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. - Por que me questionar agora se sou eu fonte ou se não sou fonte?

Creio que não é esse o questionamento que se deve fazer neste momento.

Nós é que devemos questionar o governo - afirmou o senador.

Alvaro Dias disse que viu o dossiê, assim como outros parlamentares, mas afirmou que isso não é o mais importante.

Para ele, o que importa é indagar se é lícito usar a máquina pública para elaborar dossiês contra adversários políticos com o objetivo de confundir a opinião pública e “insinuar que todos estão no mesmo balaio da indecência”, ou intimidar opositores “a fim de que percam o entusiasmo quanto à investigação a que devem proceder”. - O que cabe agora ao governo não é instituir uma comissão de sindicância para oferecer à opinião pública uma solução que o proteja; é apresentar o responsável maior.

Estamos acostumados a ver que no atual governo, quando há um escândalo, a primeira tentativa é proclamar que existe o crime, mas não existe o criminoso.

Quando os fatos destroem essa alternativa, a segunda é buscar entre coadjuvantes um bode expiratório - disse o senador.

Alvaro Dias disse que não admitia que o governo o questionasse sobre o vazamento dessas informações, observando que sequer tem acesso ao Palácio do Planalto.

Ele lembrou que a própria ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse estar providenciando levantamento sobre gastos do governo passado, não vendo por que a oposição deva ser responsabilizada.

O senador voltou a afirmar que o dossiê existe, frisando que “quem o vazou está no Palácio do Planalto”. - Não responsabilizem a oposição. À oposição cabe denunciar, divulgar as mazelas do governo, exigir daqueles que governam esclarecimentos sobre eventuais delitos praticados pelos seus quadros - disse o senador.

Ele reiterou que não lhe cabe apontar quem elaborou o dossiê nem indicar quem do Palácio do Planalto o fez chegar até ao Congresso Nacional, ou até aos órgãos de imprensa, mas, sim, “cobrar do governo providência em relação a mais esse escândalo”.