Por Ernesto Neves A geometria ensina que as linhas paralelas se encontram no infinito.

No campo emocional, a saudade e o egoísmo são as paralelas do amor, independente do tipo que seja: paternal, maternal, fraternal, conjugal ou pátrio.

A saudade e o egoísmo podem exprimir os mesmos sentimentos de ausência, de perda, de falta, e de distância.

Tudo é uma questão de ponto de vista de quem esta sentindo a falta da pessoa ou da coisa amada. “O que dá pra rir, dá pra chorar, é tudo uma questão de peso e medida, e um problema de hora e de lugar”.

Na tristeza e na alegria encontramos os dois substantivos saudade e egoísmo.

Na morte de um parente, de um amigo ou de um ídolo há o sentimento de saudade, mas, ao mesmo tempo aflora o egoísmo, porque materialmente não veremos mais a pessoa querida entre nós.

Ninguém nesta ocasião lembra que morrer é fato concreto e que forma o ciclo universal do nascimento da vida e da morte.

Na alegria outra vez o dilema: Uma filha, um amigo, um parente que você ama vai embora em busca de realização pessoal e profissional e fica distante de você qual o sentimento que lhe atinge?

O de tristeza ou o de alegria?

Tenho a impressão que os dois.

Alegria pelo sucesso que a pessoa amada alcançará e tristeza pela sua ausência física.

O conflito dos sentimentos é flagrante.

A saudade e o egoísmo vivem lado a lado, como as paralelas ensinadas pela geometria, mas se encontram no amor, que como diz o poeta “que não seja imortal, posto que é chama mais que seja infinito enquanto dure” (soneto da fidelidade de Vinicius de Morais).

A saudade e o egoísmo fazem parte do universo do contraditório, onde convivem harmonicamente, bem e mal, bonito e feio, sim e não, positivo e negativo e milhares de outros sinônimos e antônimos.

Daí para mim saudade e egoísmo são substantivos que, como as paralelas, se encontram no infinito.

Ao recorrermos aos dicionários da língua portuguesa, como o moderno Michaelis, temos significados que reforçam o meu ponto de vista: para saudade encontramos que é um substantivo feminino, vem do latim solitate e designa: 1. recordação nostálgica e suave de pessoas ou coisas distantes ou coisas passadas; 2. nostalgia.

Ainda significados ornitológicos como pássaro muito atraente da família dos contingídeos (tijuca atra); assobiador, na botânico nome que designa várias plantas dipsacáceas e suas flores.

O egoísmo os lingüistas e gramáticos revelam que é substantivo masculino composto por (ego + ismo), e significa: 1. qualidade de egoísta; 2. amor exclusivo de sua pessoa e de seus interesses; 3. conjunto de propensões ou instintos adaptados à conservação do indivíduo; 4.comodismo; Diante do exposto, vocês leitores me respondam: a saudade e o egoísmo não têm a mesma origem?

E que se encontrarão no infinito como as paralelas?

PS: Ernesto Neves é jornalista