Por Adriano Oliveira Quem gosta de ser incomodado por jornalistas?

Ninguém.

Contudo, não é viável, numa democracia, qualificar alguém apenas por conta do seu interesse investigativo.

O jornalista que investiga e não apenas notícia o que advém da assessoria dos governos é bom jornalista e presta serviço público, já que a informação sobre a coisa pública é um bem público.

Segurança pública é um bem público Por isto, quando um repórter informa sobre a freqüência de homicídios em dado contexto, ele dar a sua contribuição para o Estado de Direito.

O que seria de Pernambuco sem o PE BODY COUNT?

Certamente, o quantitativo de homicídios não seria divulgado com tanta presteza – independente de quem seja o governador.

Historicamente, no Brasil, os dados sobre homicídios não são confiáveis.

Não existe produção de dados.

O pesquisador e o jornalista, por exemplo, estão, em diversos estados, de mãos atadas para analisarem dados relacionados à segurança pública.

A secretaria de Defesa Social (SDS) no atual governo não fez diferente dos outros governos.

O mistério quanto à freqüência de homicídios continua.

Claro, que no site da SDS encontra-se a relação nominal das vítimas de crimes letais intencionais.

Isto, inclusive, já ocorria no governo passado.

Contudo, por várias vezes, o PE BODY COUNT apresentou números de vítimas de homicídios diferentes dos da SDS.

O que ocorre?

O PE BODY COUNT é formado por quatro jornalistas.

A SDS é formada por considerável número de funcionários.

Inclusive, a SDS possui a Gerência de Análise Criminal e Estatística.

Então, o que leva o PE BODY COUNT informar com rapidez e segurança a freqüência de homicídios e a SDS não?

Seria importante que a SDS divulgasse o total de homicídios em Pernambuco logo após o fim do final de semana.

O PE BODY COUNT faz a contagem diária dos homicídios.

Sendo assim, qual é a razão da SDS não fazer o mesmo?

Os dados da SDS devem ser organizados de modo que o interessado saiba onde os homicídios ocorreram.

E em quais períodos e dias eles mais ocorrem.

Com base nestas informações, a opinião pública poderá cobrar, inclusive por meio da imprensa, estratégia de policiamento diferenciada para dados locais.

E saber especular quanto às razões de Pernambuco ter considerável freqüência de homicídios.

Quando o acadêmico faz observações críticas às políticas governamentais, ele não deve ser considerado instrumento de alguém.

Ele apenas procura revelar os problemas, as falhas e a ineficiência de tais políticas.

Não compreendo por que alguns, inclusive jornalistas, desqualificam as críticas de certos acadêmicos no âmbito da segurança pública.

Do mesmo modo, ocorre com o jornalista.

Quando ele divulga dados verdadeiros sobre a freqüência de homicídios em Pernambuco, ele não é mau caráter, mas ciente do seu dever profissional.

PS: Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política.

Pesquisador do Instituto Maurício de Nassau.

Membro do NIC/UFPE Assessor de Comunicação da SDS diz ser melhor falar com bandidos do que com jornalistas