Os donos de bares e restaurantes, associados na entidade conhecida como Abrasel, vão aproveitar o dia 1º de abril para chamar o governo Federal de mentiroso, numa resposta à MP que proíbe bebidas nas rodoviárias. “Responsabilidade sim, enganar o povo não.

Defenda a sua liberdade de escolha”, é o mote da campanha, que prega a preservação de seis milhões de empregos.

A mobilização, que acontece simultaneamente em todo o Brasil, é organizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e a Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FNHRBS) e conta com o apoio da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh).

Lideranças do setor de alimentação fora do lar, bares e restaurantes de todo o país realizam no dia 01 de abril, um grande protesto nacional contra medidas abusivas impostas pelo poder público aos estabelecimentos do setor.

Durante o protesto, propositalmente realizado no dia da mentira, serão distribuídos materiais informativos aos clientes e à população, alertando a sociedade sobre a forma enganosa com que poder público tem tratado a solução de problemas estruturais do país, como, por exemplo, nas áreas de segurança e saúde.

Nos últimos meses, os bares, restaurantes e lanchonetes vêm sofrendo com uma avalanche de leis pirotécnicas que propõem soluções simplórias e “fórmulas mágicas” para problemas históricos brasileiros, especialmente nas áreas de saúde e segurança pública.

Uma postura que nos remete a um passado não muito distante, quando nossos governantes optaram por medidas mirabolantes para estabilizar a economia e conter a inflação, como aconteceu, por exemplo, com os planos Cruzado (1986/Dilson Funaro), Bresser (1987), Plano Verão (1989/José Sarney), Cruzado Novo (1989/Maílson da Nóbrega) e o Plano Collor (1990).

Deu no que deu.

Frente às últimas medidas impostas pelo poder público, as lideranças do setor perceberam a necessidade de adotar uma postura incisiva no enfrentamento dessas questões e criaram o Movimento Nacional em Defesa dos Bares e Restaurantes.

Empresários e profissionais do segmento e das entidades representativas fazem um grito de alerta e lutam contra medidas inócuas e enganosas, lançadas por alguns políticos.

O Dia de Protesto é a segunda ação do Movimento Nacional em Defesa dos Bares e Restaurantes.

A primeira ação, aconteceu em Brasília, nos dias 11 e 12 quando cerca de 150 lideranças do setor reunidas levaram uma carta aberta à população ao presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia e fizeram um trabalho de ”-corpo a corpo_” na Câmara e no Senado para pedir apoio dos parlamentares.

Esta mobilização do setor já teve resultados concretos e despertou a atenção dos parlamentares para uma avaliação mais criteriosa sobre a eficácia da MP 415, que proíbe a comercialização de bebida alcoólica em estabelecimentos próximos a rodovias federais. “Estamos sensíveis e alinhados com as demandas e angústias da sociedade e queremos colaborar para encontrar soluções que realmente resolvam problemas como conter a violência, reduzir o número de mortes nas estradas, preservar os direitos do cidadão fumante, bem como garantir a saudabilidade dos alimentos.

Mas, para isso, precisamos ser ouvidos.

Não estamos sendo consultados, pelo contrário, somos ignorados”, disse o presidente executivo da Abrasel, Paulo Solmucci Júnior.

Segundo ele, o que o setor não admite mais é que alguns políticos continuem enganando o povo com medidas fáceis e estratégias de marketing que aparentam ser soluções, mas na verdade, escondem e mascaram o real problema, transferindo-o, ainda mais grave, para os próximos gestores. “Sabemos que estas leis que estão sendo propostas não vão resolver nada.

A solução no nosso ponto de vista passa, necessariamente, pela educação. É preciso investir em educação, palavra que não agrada aos representantes do poder público, pois traz resultados em longo prazo e o que mais temos, no país, são políticos imediatistas, loucos por um espaço na mídia”.

O presidente acrescenta ainda que, para questões como aumento da criminalidade e violência, não há nenhum estudo que comprove a relação de causa e efeito entre fechar o bar e a solução do problema. “Nunca conseguiram apontar isso.

Eficiente é aumentar e treinar o efetivo policial, aparelhar as polícias e órgãos de segurança pública, criar um disque denúncia, integrar as ações entre as polícias Civil, Militar e a Guarda Civil Metropolitana, demitir policiais corruptos, instalar câmeras de segurança, entre outras ações.

Fechar bar não resolve”.

O setor está pronto para contribuir para promover uma melhor vigilância nas regiões onde há maior incidência de criminalidade. É o que garantem as lideranças. “Junto com as empresas fornecedoras de bebidas e os nossos parceiros, nos comprometemos em participar do esforço de educar e treinar os profissionais do segmento para identificar situações de risco e inclusive denunciar quando necessário. É preciso que o poder público faça cumprir as leis já existentes e fiscalize de forma efetiva”, conclui Solmucci.