Nesta quarta (26), o presidente Lula disparou sua metralhadora verbal, logo na chegada ao Recife, contra o senador Jarbas Vasconcelos que não teria aceitado, quando à frente do governo estadual, um acordo para resolver o nó entre Caixa Econômica Federal e Compesa.

Para completar, Lula rasgou elogios ao governador Eduardo Campos sobre a mesma questão (leia aqui). É aí que a deputada estadual Terezinha Nunes (PSDB), ex-secretária do governo Jarbas, entra em cena.

No texto a seguir, enviado ao Blog, ela diz que o presidente mentiu e rebate todas as críticas feitas contra o atual senador.

Confira. “O presidente Lula, que tem se caracterizado pelo destempero nos discursos feitos para platéias petistas em todo o País, chegou às raias da irresponsabilidade ontem no Recife.

A pretexto de se livrar da acusação de que discriminou o estado de Pernambuco, não aceitando o acordo feito entre o Estado e a Caixa Econômica que redundou na compra, pela Caixa, de parte das ações da Compesa, o presidente, ou por estar mal informado ou por simplesmente querer confundir, tentou jogar a culpa no ex-governador Jarbas Vasconcelos.

E recheou seu discurso de inverdades.

A primeira foi a de que por conta disso o estado ficou sem obras de abastecimento.

Ora, no Governo passado, o estado não só contou com os R$ 138 milhões da Caixa que serviram para obras e também para recuperar financeiramente a empresa que estava deficitária quando Jarbas assumiu, como também destinou parte dos recursos da venda da Celpe para o programa Águas de Pernambuco, o maior da história do estado neste setor.

A preços de hoje, o governo passado empregou R$ 900 milhões no programa Águas de Pernambuco concluindo,inclusive, obras federais que o presidente Lula, por discriminação ao governador Jarbas Vasconcelos, deixou ao abandono de recursos como a Barragem de Jucazinho e a Adutora do Oeste, só para citar essas.

A segunda inverdade foi a de que Pernambuco ficou oito anos sem recursos federais para abastecimento.

Ora, Pernambuco só ficou sem recursos no Governo Lula e como Jarbas foi governador por três anos e Mendonça por um ano enquanto Lula era presidente, o estado só ficou quatro anos sem recursos federais e não oito, e foram exatamente os anos de Lula.

A terceira inverdade do presidente está escondida no que ele chamou de \advogados assessores de Jarbas\ que teriam aconselhado mal o governador.

Os \advogados assessores, o presidente precisa saber disso, são os procuradores do Estado.

Alguém, por acaso, tem dúvida de que os procuradores do estado em Pernambuco estão entre os mais competentes do País?

Nós não temos mas o presidente deve ter e ofende ao estado e aos seus servidores deixando publicamente uma dúvida sobre o conhecimento jurídico dos procuradores citados.

O que o presidente quis dizer com todas as baboseiras que falou e porque não houve assessores antes de falar?

O presidente não quis dizer, quis, na verdade, \se esconder através da mentira para fugir à responsabilidade de ter tratado o estado com dois pesos e duas medidas.\ A venda das ações da Compesa à Caixa, no Governo Fernando Henrique, foi uma peração aprovada por esta casa, pelo Tribunal de Contas, pelo Banco Central e pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Se o Presidente acha que todos esses órgãos estavam errados ele não ofendeu só a Procuradoria, ofendeu também esta casa , o Banco Central e o Senado Federal.

A venda das ações, é bom que se diga, foi fundamental para que Pernambuco saísse do fundo do poço quando Jarbas assumiu e até a Região Metropolitana enfrentava colapso no abastecimento, sem falar nos municípios de Gravatá e Bezerros que tiveram que ser abastecidos através de trens.

Pois bem, no Governo Lula a operação, que passou por todas as instâncias estaduais e federais, foi desconhecida pela Caixa Econômica que passou a querer que o estado transformasse a venda das ações em empréstimo, o que o governador se negou a fazer para não inviabilizar financeiramente o estado.

Sabe-se agora que era isso o Presidente, certamente, gostaria que tivesse acontecido.

Não só Jarbas não se rendeu aos caprichos da Caixa e do Presidente como também não o fez a Procuradoria pernambucana, que Lula agora trata com desdém.

Ela própria contestou na Justiça todas as ações da Caixa, alegando que a venda das ações tinha sido legal e que a Caixa não podia passar por cima da lei.

O Presidente, evidentemente, queria, e mandou vários emissários ao Recife, inclusive do tesouro nacional, que o governador desse o dito pelo não dito e passasse a assumir um empréstimo de R$ 385 milhões, o que levaria Pernambuco a quebrar e impediria o estado de receber tantos recursos da iniciativa privada e mesmo públicos que estão chegando por causa dos grandes investimentos que decorreram das obras de infra-estrutura realizadas no Governo Jarbas.

Mas não é de admirar esta postura do Presidente.

Afinal, quem conseguiu que o estaleiro viesse para Pernambuco foi o ex-governador Jarbas e sua equipe.

Quem foi para a Venezuela, na época em que Chavez ainda não era ditador, foi Jarbas.

Para que?

Para convencer a PDVSA a investir na Refinaria.

Foi o governador, por sinal, que conseguiu, sem querer, resolveu um imbróglio do Presidente que não queria decidir colocar a refinaria em Pernambuco com receio da reação dos outros estados e disse ao próprio Jarbas que Chavez seria a salvação pois ele diria que a refinaria tinha que ficar aqui e Lula não teria que explicar nada ao restante do Nordeste.

Se, mesmo sabendo de tudo isso, o Presidente vem a Pernambuco falar do estaleiro e da refinaria e nem sequer cita o ex-governador, a não ser, como fez, para imputar-lhe uma responsabilidade que é sua, do Presidente, não é admirar que tenha dito o que disse.

Quanto ao acordo que o atual governador fez com a Caixa e que foi cantado e propalado logo depois do resultado eleitoral – o que demonstra, mais uma vez, as más intenções do Presidente com a gestão anterior – ele foi feito para ser pago só daqui a três anos, no final da atual gestão.

E, diga-se de passagem, se Pernambuco não conseguir, como está previsto, vender, em leilão, as ações da Compesa, vai ter que desembolsar os recursos do empréstimo que fez de uma só vez.

Não desejamos aqui apostar no pior.

Esperamos que o atual governo no final do mandato tenha sobra suficiente para cumprir o “acordo” proposto por Lula.

Duvidamos.

Mas quem viver verá.

O que, porém, não aconteceu na gestão de Jarbas e aconteceu nessa foi o estado de Pernambuco se curvar a um capricho de um órgão federal como a Caixa que está cheio de dinheiro e não tem, na gestão de Lula, o menor respeito pelos estados mais pobres, desrespeitando até a norma legal em vigor.

Isso não é nenhum mérito.

Pelo contrário.

Se o Presidente queria ajudar o estado tinha que ter feito a Caixa honrar seus compromissos e, como não o fez, devolvemos a ele a responsabilidade que tem sobre o que deixou de transferir para o estado no seu primeiro mandato.”