Normalmente alvejado pelo senador Jarbas Vasconcelos na tribuna do Senado, o presidente Lula deu o troco hoje ao senador do PMDB, em sua própria casa.
O ataque foi duro e quase passou desapercebida pela imprensa em geral.
O mote foi dado por Eduardo Campos, ao falar das negociações entre a Caixa e a Compesa.
A briga é antiga e serve para Eduardo dar o troco a Jarbas por ter impedido a antecipação de recursos do BNDES pela venda da Celpe, ainda no governo FHC.
O atual governador disse, no discurso do Jordão, que a formalização de 27 contratos de financiamento para obras de saneamento, no valor global de R$ 195 milhões, selaram definitivamente o fim do impasse entre a Caixa Econômica Federal (CEF) e a Compesa que se prolongou por quase sete anos e impedia o estado de receber recursos do banco.
As obras vão beneficiar municípios de várias regiões do estado, entre os quais Exu, Sertânia, Trindade e Afogados da Ingazeira.
Também foram anunciadas as obras de ampliação do abastecimento d’água de Garanhuns.
Além dos financiamentos, o governador Eduardo Campos assinou mensagem a ser encaminhada à Assembléia Legislativa, com projeto de lei que autoriza o Estado a firmar acordo com a CEF para refinanciamento da dívida de R$ 138 milhões, contraída em setembro de 1999 e até hoje não quitada.
Para Lula, o momento deste acordo é histórico. “Governador, com este ato, você restitui a grandeza de Pernambuco.
No meu primeiro mandato, tentei fazer este mesmo acordo com o então governador, Jarbas Vasconcelos, mas ele se negou a fazer.
Quem perdeu?
Só o povo pernambucano”, afirmou Lula.
Não ficou aí. “Então, a briga e a teimosia das pessoas, às vezes, são tão irracionais que a gente não percebe que no meio da briga de dois gigantes o povo está lá, como se fosse uma fatia de mortadela esmagada, sendo engolida, sem ninguém perguntar ao povo se ele quer que faça assim ou que faça assado”, bateu Lula, já em campanha. “Na época, o estado de Pernambuco recebeu uma antecipação de recursos em função do processo de privatização da Compesa, que acabou não sendo concretizado.
Desde então, Pernambuco estava impedido de receber financiamentos nas áreas de habitação e saneamento, deixando de realizar projetos e programas estratégicos para a população”, criticou Eduardo. “Desde novembro de 2006, quando ainda nem tinha assumido o governo, que venho me empenhando para resolver essa peleja.
No ano passado já tínhamos chegado a um acordo, mas agora encerramos de vez esse problema que estava travando o desenvolvimento de Pernambuco e a melhoria na vida das pessoas”, explicou Eduardo Campos.
No acordo celebrado hoje, além dos financiamentos para novas obras, foi assegurado o repasse de R$ 115 milhões, correspondentes à contrapartida que seria assumida pelo governo do Estado para a construção da adutora de Pirapama, que custará R$ 479 milhões e vai tirar a Região Metropolitana do Recife do racionamento d’água. “É uma compensação pelos compromissos assumidos pelo estado”, comemorou o secretário de Recursos Hídricos, João Bosco de Almeida.