Menos caos no trânsito, com transporte público de qualidade Do blog www.raulhenry.com.br O transporte urbano é um desafio crescente para todas as grandes cidades do mundo. É fator de competitividade econômica e é crucial para a qualidade de vida das pessoas.

O contínuo crescimento da indústria automobilística vem agravando esse problema no Brasil, a cada ano.

No Recife, dirigir ou utilizar transporte coletivo tem se tornado um verdadeiro teste de paciência.

Atualmente, a capital pernambucana possui uma frota com cerca de 400 mil veículos registrados.

Diariamente, circulam 620 mil automóveis pelas ruas e avenidas do Recife.

Na última década, a cidade teve um aumento de 44% na sua frota, o que causou uma forte pressão no sistema viário.

A situação ainda é agravada pela entrada de três mil veículos novos por mês.

A falta de controle e gestão por parte da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) também contribuem para o caos que virou o trânsito no Recife.

Carros circulam nas faixas exclusivas para ônibus, ônibus invadem as demais pistas, muitas vezes sem se importar com quem vem do lado.

Carroças trafegam livremente nas grandes vias, em meio aos automóveis.

Com um efetivo reduzido, a Guarda Municipal não consegue prestar um serviço de boa qualidade.

Hoje, são aproximadamente 950 homens.

O ideal, segundo lei municipal de 2006, seriam 1.300 guardas municipais.

Para quem depende do transporte coletivo, a situação é ainda pior.

Além de sofrer com os congestionamentos, ainda tem que enfrentar horas de espera nas paradas, ônibus lotados, calor.

Previsto para ser inaugurado no próximo dia 31, o corredor Leste-Oeste – que deveria significar um alívio para os passageiros que circulam no Centro - está longe disso.

Segundo matéria divulgada no último dia 14, pelo Jornal do Commercio, pessoas que trabalham ou circulam pela Avenida Conde da Boa Vista, via mais beneficiada pelo projeto, duvidam da principal eficiência da obra: reduzir o tempo de viagem nos ônibus e, conseqüentemente, aliviar o trânsito na avenida.

A travessia de pedestres entre a calçada e as paradas dos coletivos também é outra dificuldade apontada com as mudanças.

Para equacionar o problema do trânsito no Recife, um transporte público de qualidade tem que ser prioridade.

Um bom exemplo disso pode ser observado na cidade de Curitiba, hoje referência para o mundo nessa área.

O eficiente sistema de transporte coletivo curitibano foi implantado nos anos 1970, buscando baixo custo operacional e serviço de qualidade para o transporte de massa.

Esse sistema, um tipo de metrô de superfície, inclui canaletas exclusivas para o transporte coletivo da linha direta, os ligeirinhos, as 351 estações-tubo e os ônibus biarticulados com capacidade para 270 passageiros.

Possui tarifa integrada, permitindo deslocamentos por toda a cidade com a mesma passagem.

Há que se buscar, ainda, outras intervenções para garantir uma melhor fluidez do trânsito, inclusive com soluções alternativas, como uma malha cicloviária robusta.

Embora a atual gestão tenha dado os primeiros passos, o que existe é ainda muito tímido.

Com um transporte público ágil, barato e de qualidade, além de boas ciclovias, o cidadão do Recife que hoje nem cogita utilizar um ônibus como meio de transporte se sentirá estimulado a deixar o carro na garagem.

E os que dependem desse tipo de transporte como única opção de locomoção poderão dispor de um serviço não apenas eficiente, mas, sobretudo, digno.