Por João da Costa O Recife acaba de comemorar seus 471 anos em alto estilo.
O ponto alto da comemoração foi a apresentação da Orquestra Sinfônica da nossa cidade junto com Edu Lobo no Cais da Alfândega.
Num dos espaços mais significativos da nossa memória histórica e arquitetônica, saudamos mais um ano de vida de uma cidade marcada por sua diversidade cultural, com qualidade musical e reverência às suas formas.
Mas, de onde surge a forma das cidades?
A forma das cidades não pertence nem à geometria nem ao conhecimento arquitetônico.
Ela sempre se desenvolve, ao longo do tempo, a partir de seus valores culturais.
Mesmo diante de um modelo global de reprodução de cidades baseado na tecnologia e organização espacial em que os valores culturais são submetidos cotidianamente a pasteurização, a diferenciação continua se dando a partir daquilo que é específico e característico de cada lugar.
Por isso mesmo a prioridade que a gestão do prefeito João Paulo tem dado à política cultural.
Valorizando os aspectos tradicionais da nossa cultura, sem perder de vista nossa vocação cosmopolita, ela tem consolidado uma política cultural baseada nos princípios da democratização, da descentralização e da multiculturalidade.
Democratização que permitiu a partir do Fórum Temático de Cultura do Orçamento Participativo convocar três conferências municipais de cultura; democratizar o Conselho Municipal de Políticas Culturais que passou de 9 para 40 membros, sendo 20 da sociedade civil eleitos diretamente através de urnas eletrônicas.
O programa multicultural desenvolve oficinas e cursos junto às comunidades pobres, trabalhando a cultura como vetor de desenvolvimento econômico e promovendo inclusão social.
Os cursos de iniciação à produção e gestão cultural, bem como oficinas dos ciclos carnavalescos e juninos, têm possibilitado a profissionalização de dezenas de jovens e a formação de redes de cultura locais, a exemplo da Rede Reação do Ibura.
A descentralização cultural tem sido fundamental no acesso democrático à produção cultural, não só a local como também a nacional.
No carnaval multicultural já são 16 pólos e 37 polinhos distribuídos por toda a cidade; no São João, além dos cinco pólos descentralizados, apóiam-se 332 arraiais populares; no ciclo natalino, são 10 descentralizados.
Além de periódicas apresentações da Orquestra Sinfônica e dos festivais de teatro e de cinema e apresentações teatrais nos bairros onde mora a população mais pobre da cidade.
As refinarias multiculturais do Sítio da Trindade e do Nascedouro de Peixinhos e as reformas das casas do pátio de São Pedro, além da reabertura do Teatro Santa Isabel e as recentes reformas que estão sendo feitas nos teatros do Parque e Barreto Júnior vão estruturando os espaços necessários para a consolidação da política cultural desenvolvida na gestão João Paulo.
O complexo turístico-cultural Recife-Olinda é um projeto estruturador e estratégico que ajudará a fortalecer a economia da cultura.
A primeira etapa, realizada em parceria com o governo Eduardo Campos já começa a ser viabilizada através da licitação dos armazéns do Porto do Recife.
Esta gestão está aliando a valorização dos nossos valores culturais, a exemplo da valorização das nossas agremiações carnavalescas, do concurso de músicas para o carnaval, da abertura da festa de Momo com Naná e nações de maracatu, do apoio à Terça Negra e à retomada do São João pé-de-serra com uma política que busca, na integração com outras culturas, reafirmar nossa vocação cosmopolita e a valoração universal da nossa multiculturalidade.
Como exemplo, devemos lembrar o acordo de cooperação Recife-Nantes (França) que resultou na vinda do projeto Produire au Sud ao Recife.
O Produire ofereceu um curso destinado aos diretores e produtores de cinema, como também uma mostra com nove filmes.
Assim também, tem sido muito importante a consolidação do Rec Beat no nosso carnaval e a realização de diversos eventos culturais em nossa cidade a exemplo do Festival Internacional de Dança, Festival do Circo Internacional, Festival Recifense de Literatura, Todos Verão Teatro, da Semana de Fotografia do Recife e da Semana de Artes Visuais.
Mas tem sido o nosso carnaval a síntese do sucesso de nossa política cultural.
Consolidado como o mais democrático, descentralizado e culturalmente diversificado, o conceito de carnaval multicultural tornou-se referência no país e no mundo, voltando a colocar o Recife no centro da produção cultural brasileira, agora a partir da valorização dos seus aspectos característicos, como o frevo e o maracatu, sem deixar de dialogar com outras manifestações culturais.
Quero reafirmar o meu compromisso com todos os princípios que baseiam a implementação da atual política cultural no Recife.
Hoje já somos a capital que proporcionalmente mais investe em cultura (passamos de 1,33% para 4% do orçamento) e assim vai continuar a ser.
De forma democrática, com a participação de todos os que produzem cultura em nossa cidade, vamos aprofundar os caminhos percorridos até agora, corrigir o que for preciso e aperfeiçoar o que for necessário, sempre no sentido de afirmar a nossa vocação de sermos culturalmente uma cidade universal, porém a partir da afirmação das particularidades culturais que nos identificam como lugar único no mundo.
PS: João da Costa - Secretário de Planejamento Participativo da Cidade do Recife e deputado estadual licenciado pelo PT.