Democracia na América Do blog de Adolfo Sachsida O canal de TV a cabo Sony está anunciando o lançamento de dois novos shows para o próximo mês: “That\s my Bush” e “Little Bush”.

Ambos satirizam o presidente americano, classificam o mesmo como um perfeito idiota.

Já imaginaram se um canal de televisão brasileiro resolvesse fazer o mesmo?

Já imaginaram um programa na Globo com o título “Esse é o meu Lula”, onde o presidente brasileiro aparecesse como um perfeito idiota?

O que será que o PT faria?

E a imprensa que tem apoiado o presidente, o que diria?

E o presidente, como reagiria?

Não vamos nos esquecer que quando um jornalista disse que Lula tinha problemas com a bebida, o democrático presidente brasileiro quis expulsá-lo do país.

Acho que o parágrafo acima resume bem a diferença da democracia americana para a brasileira.

O sucesso da democracia americana reside nas restrições impostas a acumulação de poder.

O sucesso de uma democracia não está associado às pessoas, mas sim à limitação de poder.

Torne o poder do presidente alto o suficiente e não haverá diferença alguma entre uma ditadura e uma democracia.

A democracia não é um valor.

A democracia é um meio de se alcançar um bem maior: a liberdade individual.

Mas a democracia só é eficiente para proteger a liberdade individual à medida que o poder do Estado seja pequeno e controlado.

Aumente o poder do Estado e de nada a democracia adiantará contra tiranos.

Esse é o caso na Venezuela, no Equador, na Bolívia, e mesmo no Brasil.

Tenho ouvido pessoas protestarem contra a democracia, dizendo que ela não funciona.

Tais pessoas pedem por mais intervenção do Estado; não se dão conta que é exatamente pelo Estado ser grande que a democracia não funciona.

PS: Adolfo Sachsida é economista da Universidade Católica de Brasília e pesquisador do Ipea.