Do site do MPPE Começa nesta terça-feira (25) o julgamento dos 15 acusados de matar o agricultor Luiz Carlos da Silva num conflito de terra ocorrido em Goiana, em 1998, no que está sendo considerado o maior júri ocorrido em Pernambuco nos últimos anos.
A sessão começa às 9h no ao Fórum Rodolfo Aureliano (Joana Bezerra).
O julgamento inicialmente aconteceria no dia 13, mas foi adiado por causa do não-comparecimento de um dos advogados de defesa.
Para evitar novo adiamento, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) solicitou que a Justiça designasse defensores públicos.
Caso algum dos advogados de defesa falte novamente, o defensor assume o posto e o julgamento prossegue normalmente.
Cinco dos réus são policiais militares; os restantes eram vigilantes e funcionários da Usina Santa Teresa.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) será representado pelo promotor André Rabelo, que terá como assistente de acusação o advogado Gilberto Marques Melo, contratado pela família das vítimas.
Caso todos os acusados compareçam ao julgamento, como é esperado, somente o depoimento deles deve durar um dia inteiro.
Depois de ouvidos os réus, também prestam depoimento em plenário as nove testemunhas de acusação chamadas pelo promotor e as três convocadas pela defesa.
Após todas as ouvidas, acusação e defesa fazem sua argumentação (cada lado tem direito a três horas, mais uma de réplica) para então, finalmente, os jurados se reunirem para definir se cada réu é culpado ou inocente pelos crimes cometidos contra cada vítima.
Somados todos os crimes, as penas contra cada acusado podem chegar a mais de 100 anos.
O caso – Uma greve dos canavieiros atingia quase toda a Zona da Mata pernambucana em 1998.
Os trabalhadores da Usina Santa Teresa, em Goiana, estavam entre os que não aderiram ao movimento.
No dia 4 de novembro, integrantes dos sindicados de trabalhadores rurais de Goiana e Condado resolveram visitar estes trabalhadores para convencê-los a também cruzar os braços.
O grupo era formado por cerca de 80 pessoas e ia a pé até a usina.
Por volta das 9h, ao se aproximarem da propriedade, eles foram surpreendidos por um bloqueio feito na estrada com um trator, caminhonetes S-10, policiais militares e vigilantes armados.
Sem que fossem provocados, os vigilantes abriram fogo contra os grevistas.
Do outro lado da estrada, uma outra caminhonete S-10 com vigilantes e policiais militares cercou os manifestantes também atirando, enquanto os agricultores tentavam fugir.
No tiroteio, Luiz Carlos da Silva acabou morto com um tiro na nuca e outros 13 agricultores firam feridos.
Por conta da repercussão e complexidade do caso, o julgamento foi desaforado da comarca de Goiana para a Capital.