De O Estado de S.
Paulo “Se alguém acha que, pelo fato de que não sou candidato, não vamos ganhar as eleições (presidenciais, em 2010), pode começar a se preocupar.” O recado para a oposição foi dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no programa Em Questão, apresentado pela jornalista Maria Lydia, que a TV Gazeta levará ao ar hoje, às 23h45. “Eu estou trabalhando com muita vontade de fazer a minha sucessão, muita vontade.
Não é à toa que impediram a aprovação da CPMF.” Na entrevista exclusiva, que durou cerca de 45 minutos e foi gravada no Palácio do Planalto, Lula afastou categoricamente uma aliança com o PSDB - a par das negociações em Minas entre o governador tucano Aécio Neves e o prefeito Fernando Pimentel (PT).
Ele afirmou que “hoje é impossível” um pacto nacional entre as duas legendas rivais. “O fato de o Aécio estar fazendo acordo com o Pimentel não significa que também seja aceito pelo PT.” “Na hora que vai para a disputa, o PSDB já tem dois candidatos; dizem que tem três: o (José) Serra, o Aécio e o (Geraldo) Alckmin”, disse o presidente. “Eu não tenho nenhum candidato.
Acho que a base que sustenta o governo tem de lançar candidatura.
Vamos conversar depois das eleições municipais.
Os partidos não têm de esperar pelo presidente, têm interesse próprio.” Lula deu a receita de como pretende eleger seu sucessor e de como superar a perda de R$ 120 bilhões com a eliminação do imposto do cheque. “Eu vou fazer porque a economia vai crescer, as pessoas vão ganhar mais dinheiro e vão pagar mais imposto.
E vamos fazer as políticas que temos de fazer.” Na entrevista, mais uma vez Lula alfinetou o antecessor, Fernando Henrique Cardoso. “Teoricamente era para o PT ter uma belíssima relação com o PSDB.
Eu tenho boa relação com Serra, com Aécio, com todos os governadores do PSDB.
Trato eles com o maior carinho.
Pode pegar a questão do PAC, a transferência de recursos do governo federal.
Eu estou fazendo com o Serra o que o Fernando Henrique não fez com Mário Covas, que era do mesmo partido.” Assegurou que não cobiça um terceiro mandato, que reputa invenção de seus oponentes. “Mais do que ético, é um valor democrático.
A gente não pode brincar com a democracia.
Ora você está bem, ora está mal.
Sou contra.
Só quer o terceiro mandato quem não sabe o que é o tamanho e o peso de governar este país.
Era contra uma reeleição.
Fui candidato (à reeleição) porque a lei foi aprovada.
Acho que chega.” Sobre a reforma tributária: “Você nunca consegue contentar 27 governadores, 6 mil prefeitos, deputados e empresários.
Vai melhorar a possibilidade de investimentos.” Descontraiu-se quando abordado sobre taxação mais severa para as grandes fortunas. “Se aprovarem, obviamente eu acho que é sempre bom a gente cobrar um pouco mais das grandes fortunas.” Quando deixar o Planalto: “Estou pedindo a Deus para esse dia chegar.
Não vou parar de fazer política, está no meu sangue.
Mas não quero mais aquela militância que tive na construção do PT.”