Por Cecília Ramos Da editoria de Política do JC A cinco dias da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Pernambuco, reacendem-se as especulações de que o petista poderia sair candidato a senador pelo Estado em 2010.
Hoje, ninguém duvida que seria uma vitória consagradora e um reforço e tanto para a tentativa de reeleição do governador Eduardo Campos (PSB) e seu palanque.
Do outro lado, seria uma ameça aos projetos eleitorais da oposição.
Lula, porém, nunca expressou publicamente esse desejo.
Ao contrário, na sua última visita à Suape, em setembro de 2007, declarou que “quando terminar meu mandato em 2010 já estou na fase descendente da minha vida política”.
Cinco governistas ouvidos pelo JC, ontem, afirmaram que a hipótese é remota.
Todos concordaram que Lula não deixaria o governo em 2010, a nove meses de concluir seu mandato de oito anos.
O deputado federal Carlos Wilson (PT), um dos pernambucanos próximos a Lula, garantiu que o tema é “mera especulação”. “Que eu tenha presenciado, Lula não fala a sério sobre isso.
Ele até brinca quando aparecem essas notícias.
O presidente só pensa em terminar seu mandato bem avaliado, como é até agora”, assegurou o parlamentar, que ocupou a presidência da Infraero, no primeiro governo Lula.
O vice-prefeito e candidato à Prefeitura do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), acredita que “Lula não interromperia um obra de governo” para se candidatar ao Senado porque “em nada acrescentaria à biografia dele”.
Afora isso, lembrou, seria o primeiro caso no Brasil. “Esse assunto é mais onda do que realidade.
Ao PCdoB ele nunca expressou essa vontade”.
Dois pretensos candidatos ao Senado, em 2010, o deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB) e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho (PSB), concordam que Lula, candidato, “fortaleceria” o palanque de Eduardo em 2010.
Custaria, porém, a redução das chances do deputado e do secretário - uma vez que uma das duas vagas do Senado destinadas a Pernambuco estaria assegurada para Lula.
Coelho e Monteiro Neto, contudo, afirmaram que a hipótese de Lula no Senado não se sustenta. “O ministro Múcio já desmentiu.
Acho que essa idéia não prospera, até pelas declarações do presidente e dos assessores mais próximos”, disse Coelho, citando o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB).
O trabalhista não retornou às ligações do JC. “O presidente Lula deve optar por zelar esta boa imagem nacional e internacional que ele conquistou.
Acredito que ele governará até o seu último dia de mandato.
Ele não vai para o Senado para ser alvo do jogo político menor”, disse Monteiro Neto, também presidente da Confederação Nacional da Indústria.
O deputado afirmou que nunca ouviu de Lula comentários sobre o tema, mas já soube, por assessores próximos, que essa hipótese não faz sentido para o petista.
Um parlamentar do PT, que pediu reserva, endossou essa avaliação, acrescentando questões de ordem prática. “Lula não deixaria o cargo nas mãos de José Alencar (PRB) ou de Michel Temer (PMDB), um neo-lulista”, afirmou, citando o vice-presidente, que tem a saúde comprometida em função do câncer, e o futuro presidente da Câmara.