Por Carlos Eduardo Cadoca* Economia é um assunto árido.
Parece até meio distante da rotina do cidadão comum, mas está grudado no dia-a-dia da gente porque sempre tem efeitos - ora muito bons, ora muito ruins - em um ponto muito sensível: o bolso do trabalhador. É por isso que nos chama atenção os sinais que chegam do Condepe, que é a instituição, que em parceria com o IBGE, é responsável pelos estudos do Produto Interno Bruto de Pernambuco e dos municípios do estado.
O famoso PIB.
Soma de todas as riquezas produzidas no País.
Quando o PIB vai bem, a quantidade de riqueza circulando é maior.
Daí surge uma espécie de efeito dominó.
Mais riqueza significa mais dinheiro movimentando a economia, que leva a mais produção e, consequentemente, a mais empregos.
Mas quando o PIB vai mal, o efeito é inverso.
E as notícias que chegam do Condepe não são muito boas para o Recife.
Os últimos resultado do PIB do Recife divulgados em dezembro do ano passado - relativos ao ano de 2005 – confirmam que a cidade está andando mais devagar do que o Estado.
A participação do Recife no PIB de Pernambuco tem caído gradativamente, embora ainda seja a maior de todos os municípios.
Era de 35,8% em 2002, caiu para 34,1% em 2003, foi para 33,6% no ano seguinte e chegou a 33,4% em 2005.
Na ausência de dados do PIB do Recife de 2006 e de 2007, ainda a serem calculados, procuramos observar a participação do Recife na arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com base nos dados fornecidos pela Secretaria da Fazenda.
Outro sinal amarelo acendeu.
Verificamos que também aí houve queda.
Reduziu-se de cerca de 38%, em 1999, para 34,5%, em 2007.
Há indícios, observando os indicadores, de que começa a se formar um perigoso processo de perda de pujança econômica e de degradação da capital do Estado.
A taxa anual de crescimento econômico do Recife - 9,7% no período 2002 a 2005 - foi bem menor que os 12% exibidos por Pernambuco.
E o pior: a taxa anual de crescimento é menor em todos os setores: no Industrial (Recife cresceu 8% e Pernambuco 13%), na Agropecuária (a capital cresceu 9,7% e o Estado 14%) e até no Comercio e Serviços – vocação da Cidade - (quando crescemos apenas 10% e o Estado 12%).
Se compararmos a taxa anual de crescimento de 2002 a 2005 entre todos os municípios do Estado, verificamos que existem 146 municípios que cresceram mais do que o Recife.
Considerando apenas a Região Metropolitana, verificamos que nove dos seus 14 municípios cresceram mais do que o Recife em todos os setores. É verdade que é preciso considerar a proporcionalidade.
Quem produzia muito pouco e passou a produzir mais, pode apresentar um crescimento alto, mas aparente.
Mesmo assim, a gradativa queda do PIB recifense tem que ser analisada com cuidado. É claro que o deslocamento das atividades industriais para os demais municípios da Região Metropolitana (especialmente para o sul – Ipojuca e Cabo) é um dos fatores que contribuem para essa perda de espaço.
Suape, como a gente sabe, se consolidou com uma âncora do desenvolvimento do Estado.
O que é importantíssimo para Pernambuco, mas e o Recife como fica diante deste novo cenário?
Essa questão vem sendo debatida dentro de uma série de discussões que estamos fazendo em relação ao Recife, mas, desde já, há um entendimento preliminar de que é preciso encontrar meios de reposicionar a economia da cidade e romper esse ciclo vicioso. *Deputado federal e pré-candidato do PSC à prefeitura do Recife, escreve para o Blog às quartas, dentro da série “Recife 2008.
Debate com os prefeituráveis”.