Sem alarde, a corte especial do Tribunal de Justiça do Estado promoveu nesta segunda-feira o afastamento do juiz de Salgueiro, Antônio de Pádua Casado.

Como não podia ser demitido, por contar com vitaliciedade no cargo, foi aposentado compulsoriamente.

O processo corria em segredo de Justiça e foi relatado pelo desembargador Fernando Ferreira.

Mas o caso é conhecido.

Casado chegou a ser preso no estado, no dia 10 de janeiro de 2007, junto três pessoas, entre elas o juiz estadual, dentro da operação Mãos Dadas, que investiga as ações de estelionatários que atuavam em vários estados do Norte e Nordeste com a cumplicidade de advogados, empresários e magistrados.

Além do juiz Antônio de Pádua Casado, foram detidos o representante comercial Carlos Fernando Cordeiro de Melo e os advogados João Bosco de Souza Coutinho e Henrique José Félix de Lima.

Por determinação do desembargador-relator, todos os citados foram alvo de busca e apreensão de materiais probatórios e quebras de sigilo fiscal e telefônico.

Deflagrada conjuntamente pelo TJPE e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a Operação Mãos Dadas resultou, em sua segunda etapa, em nove prisões dos 14 citados na denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da Justiça estadual.

Com a prisão do juiz da 1ª Vara Cível de Jaboatão, André Rui de Albuquerque, realizada em setembro do ano passado, na primeira investida da Operação Mãos Dadas, já eram dois magistrados pernambucanos presos.

Quadrilha de estelionatários A vítimas dos golpes aplicados geralmente eram empresas públicas.

Um dos crimes de que a quadrilha é acusada trata-se de uma tentativa de fraude contra a Petrobrás superior a R$ 89 milhões.

Em 2003, o juiz Antônio de Pádua Casado, atuando em exercício cumulativo na comarca de São José do Belmonte, concedeu uma liminar em favor de um homem com residência em Goiás, autorizando o resgate de 229 títulos ao portador, emitidos entre os anos de 1955 e 1957.

Segundo informou na época o MPPE, a decisão foi tomada sem que o autor da ação tivesse apresentado os documentos originais.

O próprio juiz emitiu cartas precatórias para pagamento dos títulos dispensando o serviço do cartório de São José do Belmonte.

Segundo o despacho de Casado, os R$ 89 milhões deveriam ser retirados de uma conta do Banco do Brasil em agência localizada no Recife.

Contudo, a carta precatória seguiu para a Comarca de Jaboatão, cidade da região Metropolitana do Recife.

O golpe foi interceptado pelo TJPE e o juiz da 1ª Vara Cível de Jaboatão, André Rui de Albuquerque, que mandou cumprir a carta precatória expedida por Casado, também chegou a ser preso, em setembro do ano passado, quando foi deflagrada a primeira etapa da Operação Mãos Dadas.

Corte na carne Ainda presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, desembargador Fausto Freitas deixou claro que o Poder Judiciário estadual não seria tolerante com atos criminosos, mesmo quando envolvendo seus próprios integrantes.

Não foi.