Por Aloízio Mercadante Diziam que sua candidatura era a culpada pela crise que havia tomado conta do país.
Diziam também que, caso fosse eleito, ele arruinaria a combalida economia nacional e implantaria uma política externa “terceiro-mundista”, que isolaria o Brasil no cenário internacional.
Afirmavam que ele faria o país regredir décadas.
Não faltaram figuras conhecidas que emprestaram rostos compungidos ao medo do desastre anunciado.
Para surpresa dos amedrontados e, talvez, decepção dos derrotados, o governo Lula não fez nada disso.
Pelo contrário: avaliações objetivas demonstram que o governo Lula é o mais bem-sucedido governo brasileiro da história recente.
Afinal, é o único que vem conseguindo combinar plena vigência das instituições democráticas, crescimento econômico sustentado com estabilidade macroeconômica e distribuição de renda.
A inflação, que estava saindo de controle antes da posse de Lula, foi definitivamente domada e, nos últimos dois anos, ficou abaixo da meta estipulada pelo Banco Central (4,5%).
Tal estabilidade monetária tem amplo impacto positivo na renda dos trabalhadores e se traduz em melhoria da qualidade de vida.
Trata-se de grande conquista da sociedade brasileira, que o atual governo teve o mérito de consolidar. É verdade que essa estabilidade foi construída a partir do Plano Real, mas foi no governo Lula que ela efetivamente se consolidou, graças à drástica redução da vulnerabilidade externa da economia.
Mediante um processo muito bem conduzido por nossa diplomacia, saímos de déficits vultosos para superávits avantajados, que geraram, junto à enxurrada de novos investimentos estrangeiros, as reservas que nos permitem, pela primeira vez na história, pagar a dívida externa.
O enterro desse velho fantasma não foi mera conseqüência de conjuntura internacional favorável, mas também resultado de estratégia inteligente que colocou ênfase na conquista de novos mercados.
Por isso, o crescimento das exportações brasileiras no período 2003/ 2006 (128%) foi bem maior do que o crescimento das exportações mundiais (86%).
Assim, o governo soube aproveitar, com competência, a conjuntura favorável.
E, no plano diplomático, basta ler os principais jornais internacionais para constatar que o Brasil tem hoje protagonismo mundial muito superior ao que tinha há alguns anos.
Temos, evidentemente, o desafio de lidar com a excessiva valorização do real, embora tenhamos consistência nas contas externas.
Além de ter consolidado a estabilidade monetária e superado a vulnerabilidade externa, o governo Lula também vem obtendo êxito no controle da dívida interna.
Com efeito, a relação dívida interna/PIB caiu de 59,2%, em 2002, para 42,8%, em 2007.
O resultado dessas ações é o crescimento econômico sustentado dos últimos quatro anos, baseado no novo dinamismo do mercado interno, que em 2007 alcançou a marca de 5,4%.
Trata-se de crescimento de natureza diferente à do “vôo da galinha”, que tantas vezes iludiu as nossas esperanças.
Para um país que não crescia há duas décadas, é excelente resultado, especialmente na atual conjuntura internacional.
Precisamos, entretanto, superar os gargalos da infra-estrutura, que colocam entraves ao novo ciclo de desenvolvimento.
Contudo, o diferencial do governo Lula não se refere às dívidas externa e interna, mas sim ao pagamento de débito historicamente negligenciado: a dívida social.
O programa Bolsa Família, internacionalmente elogiado e copiado, já beneficiou 11 milhões de famílias, permitindo-lhes manter seus filhos na escola e comprar bens de consumo antes inalcançáveis, até mesmo eletrodomésticos.
A política de recuperação do salário mínimo faz que ele já atinja o valor de R$ 415.
A combinação dos programas sociais com o crescimento sustentado fez explodir a geração de empregos formais, que alcançou a impressionante marca de 8,2 milhões ao longo do governo, e a renda dos 50% mais pobres da população, que experimentou ritmo de crescimento chinês: 32%.
Já deixaram a miséria para trás 17 milhões de brasileiros.
Estamos em um raro período histórico que combina o crescimento do bolo com sua distribuição.
E o social emerge, de forma inédita, como eixo estruturante do crescimento econômico.
Por fim, a ONU já nos incluiu na lista dos países de nível alto de desenvolvimento humano, ainda que tenhamos grandes desafios à frente.
Dessa forma, os que diziam têm pouco a dizer.
Perderam o discurso e, em alguns casos, até a compostura.
No Congresso, parte da oposição dedica-se à obstrução sistemática, com a expectativa de recompensas eleitorais que dificilmente virão por esse caminho.
Poderíamos votar projetos como a reforma tributária, substanciais para consolidar esse novo ciclo de crescimento com distribuição de renda.
Algumas vozes, contudo, preferem gritar o vácuo da intolerância e do preconceito contra o torneiro-mecânico que fez o que não conseguiram fazer.
Enquanto isso, o governo Lula realiza, e o país melhora.
Muito.
PS: ALOIZIO MERCADANTE , 53, economista e professor licenciado da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), é senador da República pelo PT-SP.