Por Isaltino Nascimento Os avanços da ciência garantiram uma série de benefícios para humanidade, entre eles o aumento da expectativa de vida, que no Brasil já chega à média de 67 anos.

Foram vacinas, novos medicamentos, procedimentos cirúrgicos e tratamentos que abriram perspectivas reais de cura e prevenção de múltiplas doenças para gente de todo o mundo.

Tudo gerado a partir de pesquisas, experimentos, avanços tecnológicos.

Agora, estamos diante de uma polêmica que pode impedir que a ciência avance ainda mais no tratamento de doenças como mal de Parkinson, diabetes tipo 1, Alzeiheimer.

Falo da ação direta de inconstitucionalidade que tenta barrar os estudos com células-tronco embrionárias humanas no Brasil, liberados originalmente há três anos pela Lei de Biossegurança.

A ação, ainda sob análise do Supremo Tribunal Federal (STF), põe muita coisa em jogo.

Principalmente para os cientistas brasileiros, que desde quando foi impetrada - em 2005 - estão impedidos de tomar parte na área mais promissora da pesquisa biomédica moderna, que abre a possibilidade de tratar doenças hoje incuráveis e de entender em detalhes sem precedentes o desenvolvimento do organismo humano.

Os que se colocam contra as pesquisas são grupos religiosos, em especial a Igreja Católica, por considerarem os estudos uma ameaça ao direito à vida.

Entendo que esse não seja um debate religioso. É preciso lembrar que vivemos em um país laico, portanto sem credo definido.

Dar o uso que se pretende às células-tronco faz parte da evolução da ciência, que certamente só trará benefícios para a sociedade.

Além disso, mantidos congelados do jeito que são hoje, os embriões jamais poderão se desenvolver e vão acabar sendo jogados fora de qualquer jeito. É bom lembrar também que, de acordo com a Lei de Biossegurança, apenas embriões inviáveis ou congelados há mais de três anos poderiam ser usados, e somente com o consentimento dos pais.

Defendo ainda um outro argumento dos cientistas: se aceitarmos a definição de inatividade cerebral para retirar um órgão e doá-lo, não há por que não aceitar o uso de células de embriões que nem têm sistema nervoso.

Vejo a tese daqueles que se colocam contra as pesquisas como capricho religioso.

A essência do debate deve ser a defesa à vida de muitos seres humanos que padecem de doenças hoje sem chance de cura e que poderiam ver um novo caminho se abrir.

Desta forma, a Igreja precisa evoluir, porque a sociedade não pode simplesmente deixar de fazer o que ela prega, principalmente quando se trata de curar doenças.

Fica claro em nossa Constituição Federal o direito à vida.

E para mim este direito está em permitir que a ciência avance em seu trabalho de pesquisa científica objetivando salvar vidas.

PS: Isaltino Nascimento (www.isaltinopt.com.br), deputado estadual pelo PT e líder do governo na Assembléia Legislativa, escreve para o blog todas às terças-feiras.