Do site do MPPE O Ministério Público de Pernambuco se prepara para participar do que poderá ser o júri mais extenso dos últimos anos.
No próximo dia 13 de março, o MPPE pedirá a condenação de 15 pessoas – dentre elas, cinco policiais militares – pelo homicídio qualificado do agricultor Luiz Carlos da Silva e por lesões corporais em mais 13, crimes ocorridos em 1999, em Goiana, durante uma greve de canavieiros.
A previsão é de que o julgamento se estenda por pelo menos 48 horas, podendo chegar a cinco dias.
Até que saia a decisão final, os sete integrantes do júri ficarão confinados nos intervalos entre as sessões, em quartos de hotel separados e sem acesso a telefone ou outros meios de comunicação.
O júri acontecerá a partir das 9h no Fórum Rodolfo Aureliano (Joana Bezerra).
O MPPE será representado pelo promotor André Rabelo, que terá como assistente de acusação o advogado Gilberto Marques Melo, contratado pela família das vítimas.
O júri está marcado para começar às 9h.
Caso todos os acusados compareçam ao julgamento, como é esperado, somente o depoimento deles deve durar um dia inteiro.
Depois de ouvidos os réus, também prestam depoimento em plenário as nove testemunhas de acusação chamadas pelo promotor e as três convocadas pela defesa.
Após todas as ouvidas, acusação e defesa fazem sua argumentação (cada lado tem direito a três horas, mais uma de réplica) para então, finalmente, os jurados se reunirem para definir se cada réu é culpado ou inocente pelos crimes cometidos contra cada vítima.
Somados todos os crimes, as penas contra cada acusado podem chegar a mais de 100 anos.
O caso – A greve dos canavieiros atingia quase toda a Zona da Mata pernambucana em 1999.
Os trabalhadores da Usina Santa Teresa, em Goiana, estavam entre os que não aderiram ao movimento.
No dia 4 de novembro, integrantes dos sindicados de trabalhadores rurais de Goiana e Condado resolveram visitar estes trabalhadores para convencê-los a também cruzar os braços.
O grupo era formado por cerca de 80 pessoas e ia a pé até a usina.
Por volta das 9h, ao se aproximarem da propriedade, eles foram surpreendidos por um bloqueio feito na estrada com um trator, caminhonetes S-10, policiais militares e vigilantes armados.
Sem que fossem provocados, os vigilantes abriram fogo contra os grevistas.
Do outro lado da estrada, uma outra caminhonete S-10 com vigilantes e policiais militares cercou os manifestantes também atirando, enquanto os agricultores tentavam fugir.
No tiroteio, Luiz Carlos da Silva acabou morto com um tiro na nuca e outros 13 agricultores firam feridos.
Por conta da repercussão e complexidade do caso, o julgamento foi desaforado da comarca de Goiana para a Capital.
Os réus Marcelo Renato da Silva, PM ** Sérgio José de Oliveira Leomos, PM José Augusto da Silva Neto, PM José Marcelino da Silva Neto, PM Rosinaldo Chagas Dantas, PM Ângelo Alberto dos Santos, vigilante Sebastião Augusto Ferreira, vigilante Dílson Cosmo do Nascimento, vigilante Cícero Vieira da Silva, vigilante Fernando Félix Pereira da Silva, vigilante Aluízio Antônio da Silva, vigilante Emiliano Silvino Gomes Ivanildo Pereira Capitulino, vigilante José Soares, administrador da usina Sylvio Cláudio Coutinho Frota, encarregado de segurança