Por Jânio de Freitas A encenação da visita de Lula a favelas do Rio foi, pior do que deplorável, vergonhosa.

O dispositivo policial-militar para a chegada de Lula às bordas das três favelas e para os comícios que ali fez, com trincheiras de sacos de areia, ninhos de metralhadoras, multidão de soldados e policiais acoitados por toda parte, eram cenas de guerra, cenas de um país à espera de uma invasão.

E tudo isso apesar do noticiado acordo com os comandos das tropas de elite das favelas.

Que contribuição esse desatino pode trazer, se o propósito verdadeiro for a melhoria das condições perversas de moradia, e não os comícios com claques selecionadas e equipadas de faixas e cartazes pelos organizadores da encenação?

O tempo, o número irrevelado de funcionários, policiais e militares ocupados por semanas para os comícios (até o general-chefe da Abin trabalhou em organização e inspeções locais) não tem só alto custo desviado dos cofres públicos para a propaganda política.

Em nome da segurança de uns quantos privilegiados que podem desfrutar de dispositivos policiais-militares, os milhares de favelados decentes foram humilhados pelo espetáculo da insegurança de suas vidas em todos os sentidos.

E o próprio Rio não ficou melhor, na encenação, do que os seus favelados.