Por Allan Aguiar Nos transportemos para 2020 e tentemos imaginar o contexto do Município do Recife daqui a 12 anos, mantida a atual cadência/ritmo dos indicadores sociais como o IDH, índice de GINI, cobertura da rede de água e esgoto, mortes não naturais (criminalidade), trânsito, educação, saúde, dentre outros.

Considerem também a influência da população dos municípios vizinhos sobre a vida dos recifenses, vez que fronteiras só existem em mapas geo-políticos.

Os agregados econômicos do Estado apontam que Recife perde importância na composição da riqueza estadual, que migra especialmente para municípios do litoral sul, impulsionado pelo complexo industrial e portuário de SUAPE e, também, face a concentração da atividade turística.

O que cresce em Recife e Região Metropolitana é a população, não a economia.

Crescimento demográfico com declínio econômico aponta para o perigoso quadro de ampliação da dependência do povo aos serviços públicos básicos, os quais são suportados por orçamentos municipais quase inelásticos ao crescimento populacional e completamente insuficientes para suprir o decorrente adicional de atendimento às necessidades das pessoas.

Sem crescimento econômico não há geração de postos de trabalho, submetendo o município a dependências ostensivas de repasses de outras esferas de Governo, eliminando as chances do orçamento público contemplar investimentos.

Vai quase tudo para o custeio da máquina.

Mantido o atual estado de coisas, a RMR caminha para a inviabilidade da inviolabilidade das relações sociais.

A ociosidade é filha da estagnação e mãe do vício.

Os jovens entrantes no mercado são lançados à própria sorte, alavancando a pirataria e acendendo o pavil do barril de pólvora surgido pela falta de proposta de desenvolvimento econômico integrado da RMR.

Não há polícia que resolva.

Chamava-se de Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e hoje batizaram de Plano Diretor Participativo (PDP) o conjunto de regras, orientações e parâmetros que presidem o processo de crescimento qualificado do mosaico urbano de uma cidade.

Uma espécie de planejamento estratégico que busca viabilizar e harmonizar a qualidade da vida dos habitantes.

O problema é que esses instrumentos de planejamento apenas tangenciam os aspectos relacionados à geração de atividade econômica.

Não respondem em profundidade indagações sobre as vocações econômicas que estimuladas e bem geridas podem produzir desenvolvimento com inclusão social.

A cada quatro anos, por ocasião da renovação ou não do contrato do mandatário de plantão, deflagram-se debates em torno da inovação de políticas e diretrizes capazes de salvar nossa capital do caos urbano que se apoderou dela.

Sob o mantra do planejamento, as oficinas de trabalho se multiplicam e robustos diagnósticos e proposições são apresentados nos meses televisivos de campanha eleitoral. “Planejar é preciso, administrar não é preciso”.

Após eleição, vem gestão e planejamento.

Sem gestão é ilusão.

PS: ALLAN AGUIAR foi Presidente da EMPETUR e escreve esporadicamente aqui no Blog de Jamildo