Da Época Como ÉPOCA revelou nas últimas semanas, suspeita-se que a Finatec tenha sido usada pelas empresas de Luís Lima para fechar negócios com órgãos públicos sem precisar disputar concorrência.
Suspeitas de irregularidades cercam a parceria Finatec/Intercorp desde seu primeiro contrato, celebrado com uma administração petista.
Isso aconteceu em agosto de 2001, quando o Banrisul, banco público do Rio Grande do Sul, acertou a implantação de um novo modelo de gestão.
Na ocasião, o governador do Rio Grande do Sul era o petista Olívio Dutra.
Na semana passada, ÉPOCA teve acesso a pareceres de técnicos do Banrisul sobre o negócio.
Em um deles, o advogado do banco Paulo Roberto Lontra afirma que a Finatec não comprovou capacidade técnica para produzir modelos de gestão. “Considerando que outras empresas do mesmo tipo foram contatadas, parece-nos tratar-se de caso para uma licitação, em que o banco teria a oportunidade de exigir comprovação quanto a organização, equipe técnica, experiência, desempenho, estudos realizados etc.”, afirma o parecer de Lontra.
Técnicos do Banrisul também consideraram elevado o preço cobrado pela parceria Finatec/Intercorp: R$ 410 mil.
Há c orrespondências internas do banco que registram uma redução de preço por Luís Lima.
Mesmo com o abatimento, de acordo com o que escreveram técnicos do banco, o contrato foi fechado por um valor 21% mais alto que a proposta apresentada por uma fundação ligada à Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “Não houve interferência política e desconheço o parecer contrário à contratação”, disse Túlio Zamin, presidente do Banrisul em 2001.
A Intercorp estava preparada para fazer o serviço para o Banrisul?
Segundo o sociólogo Eduardo Grin, principal assessor de Luís Lima na empresa, a resposta é não. “Tivemos que aprender tudo na hora.
A gente nunca tinha trabalhado em banco nem tinha experiência como consultores”, disse Grin a ÉPOCA.
Como, então, essa consultoria, sob a cobertura de uma fundação universitária, conseguiu fazer esse negócio e outros tantos em valores tão altos?
Como foi a transformação de Luís Lima de psicólogo do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, a “consultor em gestão pública”, com contratos milionários com prefeituras e governos?
Essas são as respostas que o promotor Ricardo Souza, responsável pela investigação sobre a Finatec no Ministério Público do Distrito Federal, espera obter nos depoimentos dos petistas Vicente Trevas e Paulo Ferreira.
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