Por Raul Henry Oito de março é um dia para comemorações, mas também para reflexões.

A data tornou-se o Dia Internacional da Mulher, em homenagem à bravura de operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque que, em 1857, entraram em greve para reivindicar a diminuição da carga horária diária de trabalho, de 16h para 10h.

Essas operárias - que recebiam menos de um terço do salário dos homens - foram impedidas de sair da fábrica, onde se iniciou um incêndio.

Cerca de 130 mulheres morreram queimadas.

Apesar do sacrifício dessas - e de outras tantas mulheres - e dos avanços frutos da atuação das mulheres na educação e no mercado de trabalho, hoje, mais de um século depois, isso não significou uma maior igualdade entre homens e mulheres no que se refere à eqüidade de gênero.

Segundo a pesquisa “A mulher no mercado de trabalho na Região Metropolitana do Recife (RMR)” em 2007, divulgada na última quarta-feira pelo Departamento Intersindical de Economia e Estatística (Dieese), as mulheres enfrentam as maiores taxas de desemprego, dupla jornada de trabalho, exercem atividades mais precárias e vulneráveis, além de ganharem menos do que os homens.

Outro problema comum às mulheres diz respeito à violência, sobretudo a doméstica.

Também na quarta-feira, o Fórum das Mulheres de Pernambuco publicou um estudo sobre a caracterização dos homicídios ocorridos no Estado, entre 2002 e 2007.

As estatísticas apontam que a RMR concentra o maior número de casos de homicídio, com 62,9%.

Os bairros do Ibura, na Zona Sul, e Santo Amaro, área central do Recife, estão no topo da lista em cinco dos seis anos analisados.

Tendo em vista a gravidade da questão, fica evidente que o gestor público municipal - ao lado dos governos estadual e federal - também tem que tomar para si a responsabilidade e promover políticas públicas de eqüidade de gênero.

A mulher precisa ser encarada como um segmento prioritário e diferenciado, com um olhar próximo, de acolhimento. É importante frisar que não se trata de ações para privilegiar uma minoria - uma vez que, dos 1,5 milhão de cidadãos do Recife, 51,38% são mulheres; ou seja, a maioria.

Para isso, medidas simples podem ter grandes resultados: estimular, já no ensino fundamental, a educação inclusiva, para ambos os sexos; programas de qualificação profissional e empreendedorismo, em parceria com instituições como Sebrae, Sesc, Senai, ONGs, visando a inserção igualitária da mulher no mercado de trabalho; além de centros específicos de saúde para o gênero, com ginecologistas, equipamentos médicos e laboratório de citologia, para a realização de exames preventivos e de mamografia. É imprescindível, ainda, aprofundar o enfrentamento à violência contra a mulher, com campanhas para estimular a denúncia e a punição aos agressores.

O amparo às vítimas deve se dar em centros de referência, com assistência jurídica, serviços de saúde e psicossocial gratuitos.

Priorizar essas e outras políticas públicas para as mulheres não significa privilegiar apenas um segmento da sociedade, mas entender que a promoção da eqüidade de gênero contribui para o fortalecimento do crescimento econômico, para a redução da pobreza e da violência, e para a construção de uma sociedade mais justa.

PS: Deputado federal pelo PMDB e pré-candidato à prefeitura dacapital, escreve às sextas para o Blog dentro da série “Recife 2008.

Debate com os prefeituráveis”.