Líder do PT na Câmara Federal, o deputado Maurício Rands avaliou, ontem, que as denúncias de possíveis irregularidades em convênios da Prefeitura do Recife com a Finatec e a CPI das ONGs no Senado são partes de um movimento de “demonização do PT”.

Para ele, como a oposição não tem propostas nem aderência social, seja no Recife ou no País, estaria articulando denúncias e comissões de inquérito sem fundamentos para atingir as gestões petistas. “Essa fórmula está vencida.

A população não aceita mais isso, ela quer ouvir propostas”, assegurou.

No caso da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), ligada à Universidade de Brasília (UnB), Rands se colocou “solidário” ao prefeito João Paulo (PT), de quem foi secretário de Assuntos Jurídicos na primeira gestão (2001/2004), e com quem teve uma tensa relação, recentemente, nos debates em torno da escolha do pré-candidato a prefeito do partido.

O deputado era secretário da PCR quando foi assinado o primeiro convênio da gestão João Paulo com a Finatec, em janeiro de 2002.

Apesar disso, ele disse que não conheceu a fundo a proposta da consultoria e afirmou que não lembrava se tinha dado algum parecer para dispensa de licitação e contratação da fundação. “Não lembro.

Isso foi no começo da gestão.

E eu saí (da secretaria) logo depois, em 2002, para a campanha (de deputado)”, garantiu.

Mas fez questão de ponderar que a dispensa de licitação para contratar a Finatec, por si só, não é ilegal. “A Lei de licitações permite essa prática com fundações públicas de amparo à pesquisa”, advertiu.

Rands criticou as matérias da revista Época.

Ele queixou-se de a revista “só” ter enfatizado os contratos da Finatec com prefeituras administradas pelo PT.

Mas não citou que a fundação firmou convênios com 130 entidades, entre elas o Supremo Tribunal Federal (STF). “Fizeram um mau jornalismo”, considerou.

Há um mês, quando ainda disputava a indicação do PT para ser o candidato a prefeito, Rands afirmara que a PCR estava com um modelo de gestão “defasado”.

Modelo este estruturado pela Finatec.

Ontem, o deputado justificou que sua crítica nada tinha a ver com a fundação. “Critiquei todo o nosso modelo brasileiro de gestão pública, não o do Recife em particular.

Nosso modelo é defasado.

Se preocupa com o controle preliminar das ações quando deveria se concentrar em metas e resultados”, afirmou.

A CPI das ONGs do Senado também não tem fundamento na avaliação de Rands. “O senador Heráclito Fortes (DEM-PI), autor do pedido da CPI, fica o dia só pensando em algum meio de atacar o PT”, criticou. “Essa é a única forma da oposição aparecer.

Eles não têm proposta”, completou.

Seguindo o discurso do secretário estadual das Cidades, Humberto Costa (PT), e do presidente estadual do PT, Jorge Perez, Rands também acha que a oposição foge do debate propositivo.

E tenta esconder sua falta de propostas com “denuncismos”.

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