Por André Regis Nesta atual fase do processo eleitoral municipal devemos debater os reais problemas da cidade.
Dentre os assuntos realmente necessários à discussão, destaco a aceleração das obras de expansão do metrô do Recife.
Não entendo como uma obra fundamental para a saúde da cidade e, principalmente, para a qualidade de vida de mais de três milhões de pessoas que vivem na Região Metropolitana do Recife continue, praticamente, parada desde 2002.
E o pior, sem que ninguém reclame.
Aliás, não consigo imaginar outra infra-estrutura que a supere em termos de importância.
Devemos lembrar que as obras de expansão pela linha Sul já superaram mais de uma década desde seu início, em 1998, ainda no primeiro mandato do Governo Fernando Henrique.
Considerando que são apenas 14 quilômetros, temos uma média anual de 1,4 quilômetros de obra realizada.
Ficando evidente que a obra está mesmo é parada.
Sua conclusão foi prevista, pelo que noticiou a imprensa, para 2002.
Em março de 2007 o Ministro das Cidades, Márcio Fortes, garantiu que a obra estaria pronta até outubro daquele ano.
Ainda em 2007, Lula veio a Pernambuco sete vezes.
Certamente, um recorde de visitas de um presidente ao nosso estado em tão curto intervalo.
Não obstante, apesar de tanta presença e pirotecnia (como lançar investimentos da iniciativa privada), continuo a observar que, após tantos lançamentos e relançamentos de anúncios de obras, sobre o metro do Recife nada (não estou nem reclamando do esquecimento da Hemobrás ou da Transnordestina).
Ora, se estamos de fato num momento privilegiado da história em que o Prefeito do Recife e o Governador de Pernambuco são aliados do Presidente, e este trata o nosso estado de modo especial, como justificar tamanho descaso?
Qual a vantagem desse alinhamento político?
O fato é, ou melhor, tudo indica, que Governo Federal não quer concluir a obra para não ter que assumir o déficit operacional do Metrorec.
Ou seja, o Presidente se recusa a subsidiar o transporte público dos pobres recifenses.
Certamente, se a classe média fosse usuária do metrô, a obra não estaria paralisada.
Infelizmente, sem ninguém para reclamar, tudo indica que a obra ficará, ainda, por um longo tempo, inacabada.
Enfim, o trânsito do Recife está a cada dia pior.
Os congestionamentos nos consomem a paciência.
E com a falta de segurança, que provoca medo e pânico, dirigir tornou-se uma atividade de grande tensão e estresse.
A cada sinal, vive-se a expectativa da chegada do bandido armado.
Por isso, devemos pressionar para que haja a retomada das obras e, finalmente, sua conclusão.
Pois, pelo que a imprensa já divulgou, falta muito pouco.
Mas falta muito pouco, há exatamente cinco anos.
Daí a importância do debate acerca dos reais problemas do Recife.
O próximo prefeito deve se comprometer a lutar pelo metrô, afinal, lutar por este propósito é lutar, não apenas, por um trânsito mais ordenado e rápido, mas essencialmente lutar pela melhoria da qualidade de vida da população mais carente da Região Metropolitana, que passa, indo e vindo, muitas vezes (em ônibus lotado) mais de cinco horas por dia no deslocamento entre sua casa e seu trabalho.
PS: André Regis é Ph.D. em Ciência Política pela New School For Social Research de Nova York.
Doutor em Direito pela UFPE.
Conselheiro Federal da OAB.