O promotor do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) Ricardo Antônio de Souza, que investiga os contratos de consultoria firmados por administrações petistas e a Finatec (fundação ligada à Universidade de Brasília), rebateu a avaliação do prefeito João Paulo de que o caso é uma manobra política para atingir o PT em ano eleitoral. “Não sou político.

Nunca fui a um diretório de partido ou agremiação nem estive numa sala com políticos”, afirmou o promotor em entrevista exclusiva ao Blog, na tarde desta quarta (27). “O que o prefeito deveria dizer é por que se contratou, com dispensa de licitação, uma fundação que não tem entre suas atribuições, fazer consultoria.

Uma entidade que não mantinha em seu corpo funcional profissionais para este tipo de atividade”, bateu.

Ele lembrou que também era vedado à Finatec - entidade ligada a projetos de incentivo na área de ciência e tecnologia - firmar qualquer tipo de contrato para fazer consultoria em gestão. “Há uma série de ilegalidades.

Isto é patente”, advertiu o promotor.

Ricardo Antônio de Souza prometeu que as investigações em torno da Finatec vão continuar, “independentemente de quem venha a ser desfavorecido por elas”.

COINCIDÊNCIA Segundo o promotor, o desdobramento natural das investigações em torno das atividades da Finatec acabou levando às ligações da fundação com as administrações petistas. “O que aconteceu foi uma coincidência.

Uma parte da investigação culminou nos contratos (da Finatec) com vários órgãos públicos, como no caso da prefeitura do Recife”, explicou. “A ligação com as prefeituras, de fato, se dá pela coincidência com o objeto das investigações: a Finatec.

As relações entre a fundação e as prefeituras são os elementos do processo”, disse.

Ricardo Antônio de Souza insistiu que as investigações que conduz nada têm a ver com política. “Se eu tivesse vinculação política, eles (a prefeitura do Recife) até poderiam dizer isso.

Isto é uma resposta que…”, afirmou sem concluir a frase.

O CASO A Finatec (Fundação de Emprerendimentos Científicos e Tecnológicos, ligada à Universidade de Brasília) ganhou as páginas dos jornais há algumas semanas por ter financiado irregularmente o mobiliário do apartamento do reitor da UNB, Timothy Mulholland, gastando cerca de R$ 470 mil.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, através da sua Promotoria de Tutela de Fundações e Entidades de Interesse Social, jogou luz na esbórnia com dinheiro público e conseguiu o afastamento de professores da UNB que eram dirigentes da Finatec.

O reitor também foi afastado.

No último final de semana, reportagem da revista Época mostrou que os desdobramentos das investigações sobre a Finatec levavam a contratos suspeitos com administrações petistas: prefeituras do Recife, São Paulo, Vitória, Fortaleza, Nova Iguaçu e Maringá, além do governo do Estado do Piauí.

A Finatec foi contratada com dispensa de licitação e subcontratou os serviços de duas empresas privadas: Intercorp Consultoria Empresarial e Camarero & Camarero Consultoria Empresarial, pertencentes ao casal Luís Antônio Lima e Flávia Camarero.

Lima participou como voluntário da transição do governo FHC para a administração Lula e teria ligações pessoais com membros do PT.

Embora a revista Época tenha retomada agora a questão das ligações entre a Finatec e administrações petistas, o Jornal do Commercio já havia levantado o debate sobre o assunto, no Recife, desde 2003, ainda no princípio do contrato entre a PCR e a fundação.