Leia abaixo a íntegra do texto divulgado à tarde pelo PSOL. “A Prefeitura do Recife ingressou no noticiário nacional nos últimos dias com a divulgação de detalhes de seus contratos com a FINATEC, fundação ligada à Universidade de Brasília, através de reportagem da revista Época.

Diante das denúncias apresentadas e dos primeiros esclarecimentos oficiais da própria Prefeitura do Recife, o PSOL sente-se no dever de posicionar-se a respeito: 1 – O PSOL incentiva e apóia todas as iniciativas de investigação de supostas irregularidades nos três contratos assinados entre a PCR e a FINATEC, no valor de R$ 19.875.568,00, em que as empresas Intercorp e Camarero e Camarero, sub-contratadas pela FINATEC, e que têm como proprietários pessoas vinculadas ao PT, são identificados como parte de um esquema nacional de desvio de recursos públicos. 2 - Ao mesmo tempo em que o PSOL apóia todas as investigações, defendemos e buscaremos que estas sejam acompanhadas de perto pela sociedade e pela imprensa, pois a FINATEC vem há anos levantando suspeitas de irregularidades na sua relação com gestões públicas, no entanto, os legislativos e mesmo os Tribunais de Contas, conscientemente ou não, não levaram adiante, até aqui, nenhuma investigação séria, o que prova que sem o acompanhamento da sociedade nada será apurado. 3 – Independente de possíveis questões éticas ou de improbidade administrativa envolvidas neste episódio, as presentes denúncias já desnudam, mais uma vez, as opções políticas feitas pela gestão petista à frente da PCR.

O Recife é uma cidade pobre, com muitos focos de miséria total, mas a Prefeitura do Recife age como se fosse rica, pois se dá ao luxo de gastar quase R$ 20 milhões em assessorias para um suposto aprimoramento de gestão.

Quantos canais, hoje fétidos e a céu aberto, não poderiam ser beneficiados com estes recursos?

Quantas casas populares poderiam ser feitas?

Quantas escolas poderiam ser construídas ou reformadas?

Quantos jovens das periferias que lutam para sobreviver de sua arte não poderiam ser incentivados com estes recursos?

Quantos ginásios poliesportivos poderiam ser erguidos nas periferias com R$ 20 milhões?

A gestão de João Paulo fez outras opções. 4 – A nota da Prefeitura revela também uma outra questão política bastante grave.

Em sendo verídicas todas as intervenções feitas pela FINATEC na PCR, assumidas publicamente pela equipe do prefeito, estamos diante de uma gestão que simplesmente terceirizou de forma brutal a sua atividade fim, que seria governar.

A “marca” da gestão petista, então, seria dada pela FINATEC, pois o prefeito contratou-a para fazer quase tudo durante um longo período. 5 – Além disso, a longa nota explicativa divulgada pela prefeitura petista só faz transparecer ainda mais as fragilidades da sua gestão neste episódio.

O tamanho da nota busca justificar o montante imoral de recursos pagos à FINATEC, o maior dentre todos os contratos suspeitos em nível nacional até o momento.

O detalhamento exagerado das supostas intervenções da FINATEC em diagnósticos, desenhos e redesenhos, reorganizações, reestruturações, planejamentos estratégicos, etc, sempre repetidos exaustivamente, na análise de cada secretaria ou área do governo municipal, não justifica de forma alguma a opção política da prefeitura.

Ao contrário, a nota de “esclarecimento” abre novos e justos questionamentos: a) os servidores de carreira da prefeitura não teriam condições de realizar o trabalho de melhoria da gestão? b) se os servidores de carreira supostamente não tivessem esta capacidade, os incontáveis assessores, técnicos ou não, em cargos comissionados e de confiança, pagos com o dinheiro público para supostamente dar à Prefeitura a marca da gestão petista, também não teriam condições de encaminhar as melhorias na gestão? c) se os assessores e demais cargos comissionados não têm competência para tal, a contratação da FINATEC não estaria sendo então o pagamento duplicado, como mínimo, de um mesmo serviço?

Não estaria havendo, com a contratação da FINATEC, aquilo que é tão enfatizado nas explicações da própria Prefeitura em sua nota, ou seja, duplicidade de atribuições e retrabalho?

Então, não seria o caso do Prefeito desligar os cargos comissionados, que nesta situação foram levados à inequívoca condição de aspones? 5 – O PSOL, portanto, soma-se à sociedade na busca pela verdade dos fatos e, se for o caso, pela punição de todos os envolvidos e o conseqüente ressarcimento dos recursos aos cofres públicos.

Ao mesmo tempo denunciamos veementemente as opções políticas anti-populares da gestão petista, que demonstra, com mais este episódio, que governa dando migalhas ao povo e milhões para os amigos do poder.

Recife, 26 de fevereiro de 2008 Executiva Estadual do PSOL/PE”