Do UOL O ex-comandante em chefe cubano Fidel Castro, 81 anos, voltou a escrever nesta sexta-feira, no primeiro artigo depois daquele em que anunciou sua renúncia, por problemas de saúde, após quase cinco décadas de poder.
E aproveitou para fustigar seu arqui-inimigo George W.
Bush, garantindo que sua renúncia à presidência de Cuba não provocará uma “mudança, como espera o presidente dos Estados Unidos, George W.
Bush”.
Como anunciara antes, passaria a escrever sob o título “Reflexões do companheiro Fidel”, uma referência ao seu artigo de renúncia, “Reflexões do comandante-em-chefe” .
O ex-presidente aborda a reação de seu “adversário” à mensagem de renúncia publicada terça-feira. “Bush disse que minha mensagem era o início do caminho da liberdade de Cuba, ou seja, a anexação”, expressou o líder comunista.
Fidel Castro diz ter acompanhado pela televisão “a posição embaraçosa de todos os candidatos a presidente dos Estados Unidos” em suas reações e destacou que “se viram obrigados um por um a proclamar suas exigências imediatas a Cuba para não arriscar um só eleitor”. “Meio século de bloqueio parece pouco aos prediletos.
Mudança, mudança, mudança!, gritavam em uníssono.
Estou de acordo, mudança!, mas nos Estados Unidos.
Cuba mudou e seguirá seu rumo dialético”, acrescentou.
Para o líder agora aposentado os cubanos não retornarão “jamais ao passado”, antes da vitória da revolução de 1959.
Também criticou as “minguadas potências européas aliadas” dos Estados Unidos, para as quais “chegou o momento de dançar com a música da democracia e da liberdade que jamais realmente conheceram”.
Fidel revelou que após o anúncio de sua decisão “pensava em deixar de escrever uma reflexão por pelo menos 10 dias”, mas confessou “não poder guardar silêncio tanto tempo, pois é preciso abrir fogo ideológico sobre eles”.
O líder cubano disse ter “a consciência tranqüila” com sua decisão e comentou que “os dias de tensão esperando a proximidade de 24 de fevereiro”, o deixaram exausto. “Estou impregnado agora no esforço para fazer constar meu voto unido em favor da presidência da Assembléia Nacional e do novo Conselho de Estado, e como fazê-lo”, concluiu.