Por Clóvis Rossi São Paulo - Do deputado federal José Eduardo Cardozo, recém-eleito secretário-geral do PT, o segundo cargo na hierarquia partidária, em entrevista à revista “Veja”: “Vou ser claro: teve pagamento ilegal de recursos para políticos aliados?

Teve.

Ponto final. É ilegal? É. É indiscutível? É.

Não podemos esconder esse fato da sociedade”.

Ficamos assim sabendo o que já sabíamos todos, menos os petistas, em especial sua ala hidrófoba e seus intelectuais e jornalistas chapas-brancas: não houve nenhuma conspiração da mídia e da elite contra o PT.

Houve, sim, uma conspiração de fatos “ilegais” e “indiscutíveis” praticados por petistas, no dizer até de seu secretário-geral.

Além de aceitar os fatos, Cardozo investe também contra outra malandragem do PT: a de mendigar que digamos que todos os partidos são igualmente safados.

Diz o deputado do PT: “Nós temos que ser mais duros com nossos militantes e dirigentes do que somos com nossos adversários”. É a posição que qualquer pessoa/ instituição honesta adota.

Mas o lulopetismo preferiu a versão “o PT fez o que todos fazem”, como disse o próprio presidente Lula, para em seguida passar a mão na cabeça dos acusados de trambiques vários.

Fulmina agora Cardozo: “Em qualquer escândalo, denúncia ou suspeita, o PT tem de ter uma postura ativa.

Seja para absolver, seja para condenar. (…) Não pode passar a mão na cabeça”.

Fosse o Brasil um país sério, fosse o PT um partido sério, haveria uma de duas conseqüências para afirmações tão contundentes e cristalinas: ou o partido expulsa Cardozo porque disse a verdade, o que viola a ética que o partido adotou desde o primeiro escândalo, ou lhe dá razão e pede desculpas ao público não só pelas ilegalidades mas também pelas tentativas de encobri-las com ridículas teorias conspiratórias.