Secretário João da Costa, Dirijo-lhe esta Carta Aberta para convidá-lo a abrirmos o debate sobre o futuro da nossa cidade do Recife, na medida em que, acredito, somos os únicos candidatos definidos até o momento.

Diferentemente do que pensam outras lideranças, inclusive do seu partido, não o desqualifico por querer disputar o honroso cargo de Prefeito do Recife.

Tenho a certeza de que assim como outros postulantes, o senhor tem o direito de disputar a cadeira máxima do administrador de nossa cidade.

Ainda que o seu processo de indicaçào, comandado de forma autoritária pelo atual Prefeito, tenha marginalizado biografias importantes em seu partido, a exemplo de Humberto Costa, Maurício Rands e Pedro Eugênio.

Acredito, porém, que já está mais que na hora de abrirmos o debate em torno do futuro do Recife e dos recifenses.

Até porque o senhor terá que responder, durante esta campanha, a algumas perguntas que incomodam a mim enquanto cidadão, que incomodam e exasperam o povo do Recife e que deveria incomodar o senhor e toda a equipe que hoje faz parte da atual gestão municipal.

Tenho dito, através de palestras, reuniões e entrevistas à imprensa, que nossa cidade está sem rumo, que não planeja seu futuro.

A gestão da qual o senhor faz parte há sete anos, não apontou os caminhos que o Recife deve trilhar para se inserir no mundo globalizado, onde as grandes cidades (entre as quais está a nossa) têm que apresentar a sua vocação e, a partir dela, construir o seu futuro.

Hoje o Recife está sem futuro e sem rumo.

Nesta gestão, da qual o senhor foi imposto como o único que tem a prerrogativa de dar continuidade, a saúde foi abandonada.

As doenças se alastram pelos bairros pobres, e o esgoto a céu aberto – paisagem comum nas comunidades carentes-, faz com que os vetores de inúmeras doenças se proliferem de modo a ferir e a matar a nossa população mais desprotegida.

Estamos na iminência de convivermos com uma epidemia de filariose e de tuberculose.

E isso em pleno século XXI!.

O Recife está enfermo.

Também nesta gestão, a educação está agonizando.

A Prefeitura não tem aplicado o mínimo constitucional de 25%, neste que deve ser o bem mais importante de uma nação, a educação.

Os índices do ensino básico colocam o Recife em último lugar entre as capitais do Brasil, segundo dados do próprio ministério da Educação.

Que condições pode ter o Recife para se inserir entre as maiores e melhores cidades do mundo, o que é a nossa vocação histórica, se seus jovens não estão tendo a educação merecida e se, justamente por isso, não conseguem fazer parte de uma sociedade informada e capacitada profissionalmente?

Desta forma, não há chances de sermos competitivos na era do conhecimento, senhor Secretário.

O Recife está carente de educação.

Nosso péssimo ensino é um desastre humano, que castiga sobretudo os mais carentes, e um crime contra o nosso futuro.

Além de contribuir para que o Recife seja a capital campeã da violência e onde uma juventude que, sem uma escola de qualidade e sem emprego, torna-se vulnerável aos apelos da criminalidade.

Aliás, Secretário, na nossa administração, vamos assumir responsabilidades na área da segurança pública, cooperando com os governos estadual e federal e com a sociedade.

O Recife está inseguro e violento.

Esta sua gestão, secretário João da Costa, cuidou apenas de problemas pontuais, buscando apresentar soluções superficiais, temporárias e perfumadas, para um Recife que fede, que adoece e que não cuida da educação de seus jovens.

Desafio-lhe a demonstrar que um único dos nossos graves problemas estruturais – saneamento, transporte, lixo, educação, saúde – foi resolvido ou sequer teve encaminhado o rumo para a sua superação nesses quase oito anos de gestão.

Fazer uma obra aqui, outra ali, mais outra acolá pode até ser bom para a vista de quem passa pela rua e pode também dar votos.

Mas não resolve nossos problemas estruturais.

Durante estes sete anos, o prefeito da cidade não se dispôs a liderar um movimento metropolitano capaz de reunir os gestores das nossas cidades vizinhas.

Faz-se necessário um pacto metropolitano, um entendimento para resolver problemas importantes que não dizem respeito apenas ao Recife, mas a todas as cidades da Região Metropolitana.

E quem deve liderar este movimento é o prefeito da Capital, o prefeito do Recife.

Mas o Recife está sem liderança.

Resultado: o Recife está ficando para trás, reduzindo sua pobreza e miséria num ritmo inaceitável e sendo ultrapassado pelas outras capitais do País.

O Recife perde terreno.

Secretário, o senhor terá que responder a esta e a muitas outras perguntas inconvenientes, mas avbsolutamente razoáveis aos olhos dos recifenses.

Terá, enfim, que enfrentá-as, agora ou em breve.

Eu vou cobrar-lhe estas respostas, o povo do Recife vai cobrar-lhe estas respostas.

Bem vindo ao debate.

Raul Jungmann Deputado Federal - PPS PS: o texto de Jungmann abre a série de artigos dos prefeituráveis, publicados aqui no Blog.